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Este blog tem por objetivo mostrar meu trabalho em sala de aula, trocar experiências com professores e alunos e receber sugestões metodológicas, exemplos de projetos pedagógicos, etc.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

TEORIAS DA EDUCAÇÃO



TEORIAS DA EDUCAÇÃO: FUNDAMENTOS E CONCEPÇÕES TEÓRICAS

Acolhida – Música “Estudo Errado” de Gabriel o Pensador

“De nada adianta o discurso competente se a ação pedagógica é impermeável à mudança”.


Texto para discussão




TEORIAS DA EDUCAÇÃO

A construção do conhecimento recai na concepção teórica do construtivismo. Deve-se compreender que o construtivismo tem bases psicológicas com raízes na década de 1950, com obras fundamentadas em Piaget e, antes,na década de 1920, com psicólogos soviéticos.
Porém, a prática pedagógica do construtivismo é consolidada com a produção de Emília Ferreiro e Teberosk materializada na obra “Psicogênese da Língua Escrita”. Os educadores devem reconhecer que o construtivismo não é um método, mas deve ser entendido como uma tendência epistemologia, ou seja, uma teoria do conhecimento ou um ideário pedagógico ou uma teoria psicopedagógica de aprendizagem e ensino. É uma teoria pedagógica que tem ênfase na construção do conhecimento, que acontece na interação do sujeito[1] com o objeto. Seguindo essa teoria, deve-se entender que o conhecimento não é transferido ou depositado pelo professor (pedagogia tradicional), mas é construído pelo sujeito na sua relação com os outros e com o mundo.
Quando se trata de educação infantil, a escola deve fundamentar o seu projeto pedagógico na concepção construtivista-interacionista, porque nessa etapa da educação deve-se buscar a interação da criança através do desenvolvimento dos seus aspectos biológicos, psicológicos, intelectuais e socioculturais. Nesse sentido as crianças desenvolvem suas capacidades e habilidades de forma heterogêneas e devem contar com a escola para criar condições que realmente venham a proporcionar-lhes suas aprendizagens. Assim sendo, a escola deve considerar, durante o processo de aprendizagem, as possibilidades que as crianças apresentam nas diferentes faixas etárias, propiciando o desenvolvimento das suas capacidades físicas, afetivas, cognitivas, estéticas, de relações interpessoais e de inserção social.
Entra em cena aí o professor.  E qual é o papel do professor construtivista? Nessas condições o professor deve ser o mediador e equilibrador da aprendizagem, de interações e de conflitos que ocorrem na sala de aula.  O professor construtivista entende que o aluno possui experiências que devem ser trabalhadas na escola. Assim, o professor não deve se apresentar como transmissor de conhecimento, mas como alguém que vai intervir constantemente, com competência, no processo de aprendizagem da criança, como mediador Para isso, ele precisa conhecer o aluno de forma global. Deve saber agir diante das diversidades e de projetos desafiadores. Deve ser um articulador. O seu perfil deve contemplar as seguintes capacidades: dirigir, planejar, organizar, executar, controlar e avaliar o processo de aprendizagem.  É seu papel também investigar sistematicamente a sua prática e comunicar-se de modo a alcançar o nível de desenvolvimento e de necessidades dos seus alunos em suas diferentes etapas de vida. 



TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Libâneo desenvolveu as tendências pedagógicas da seguinte forma:





TENDÊNCIAS LIBERAIS

Tendência tradicional
A escola serve para preparar o indivíduo para as práticas sociais e para os valores liberais burgueses. Essa preparação da escola tradicional é um processo de adaptação. A escola é concebida como um espaço de disciplinamento do aluno. Nesse processo: a) o professor é uma autoridade, não pelo que ele sabe, mas pelo seu autoritarismo; b) o professor produz um ensino mecânico, baseado na memorização; c) aplicação de provas – avaliação de caráter coercitivo; d) o professor ministra conteúdos desligados da prática social do aluno: enciclopedismo, intelectualismo, e humanista (ensino baseado na pedagogia jesuítica, ensino seletista e exclusão); o professor utiliza o método expositivo, tanto para crianças como para adultos e a criança é concebida como se fosse um adulto em miniatura.[1]
Tendência renovada diretiva e não-diretiva
 No final do século XIX e início do século XX vem a renovação da escola. A escola renovada diretiva vai se conceber como um ambiente que seja favorável para experiência do aluno; para propiciar o seu aprendizado (autoaprendizado) com conteúdos que devem se respaldar nas necessidades da sua vida diária. O professor deve oferecer ao aluno situações-problema. Valoriza-se bastante o trabalho em grupo; ministra-se um conteúdo de natureza científica, mas que seja aplicável às necessidades do aluno,  tanto no mundo do trabalho, quanto no mundo da socialização, das relações interpessoais, como também na compreensão a partir de si - do interpessoal.  O professor continua com autoridade, mas sem autoritarismo. É ele o condutor da atividade (tendência renovada diretiva). A postura do professor é mediadora. Ele é responsável por mediar as relações existentes entre o aluno, o meio do aluno e o conteúdo: a escola é um espaço de experiências e deve capacitar o aluno para viver ao longo de toda a sua vida. O aluno deve aprender fazendo. Ele é incentivado o tempo todo a aprender a aprender, o que significa o grau de autonomia adquirido pelo aluno: ter capacidade de se guiar com autonomia.
A escola renovada não-diretiva é definida por Carl Rogeres. Nela, os conteúdos e o professor não têm tanta importância. O que é mais importante ensinar ao aluno não são os conteúdos curriculares, mas sim que o professor estimule o aluno a ter a capacidade de aprender, isto é, a ênfase do ensino não está nos conteúdos, mas nas questões psicológicas. A escola deve preparar o aluno para que ele seja do ponto de vista psicológico, saudável, motivado, interessado, capaz de aprender, para que, a partir dessa capacidade, ele mesmo promova o seu autoaprendizado. Então, o professor, em sala de aula, também é um terapeuta.
Tendência tecnicista
A tendência tecnicista é toda voltada para o mercado de trabalho. Ela prepara o indivíduo para o trabalho. Molda a pessoa para uma determinada finalidade. Qual a finalidade? Produzir mão de obra e, para isso ela se utiliza de manuais, apostilas, livros, os quais trazem os conteúdos técnicos; os conteúdos que devem ser aplicados no dia a dia do trabalhador (conteúdos .extremamente objetivos). Existe uma objetividade muito grande que é baseada na reprodução fiel trazida por esses materiais (os manuais). Então, de um lado há o aluno que quer se preparar para o mercado de trabalho; do outro lado há o professor que é o responsável pela transmissão do conteúdo. Entre o professor e o aluno está o conteúdo científico. No Brasil, essa tendência se evidenciou nos 1960 e 1970, influenciando o currículo e a LDB. Aí o papel da escola passa a ser: formar para o mercado de trabalho. Hoje, com a formação da mão de obra, ainda se tem uma formação tecnicista? Em parte, sim. Na verdade, o indivíduo hoje está sendo preparado para o mercado de trabalho sim, mas a característica do novo profissionalismo no Brasil é não querer só formar a mão de obra alienada, quer-se desenvolver um indivíduo que seja responsável, crítico, autônomo, cidadão; quer-se estimular o espírito empreendedor no trabalhador, dar a ele uma educação humanitária. Então, não é um tecnicismo reprodutivista (como na década de 1970), é um tecnicismo diferente que objetiva o senso crítico, a cidadania, a solidariedade.

TENDÊNCIAS PROGRESSISTAS

Tendência libertária
Essa tendência está vinculada ao anarquismo – uma forma de governo em que a ordem é estabelecida pelos grupos e não há o domínio direto do Estado na sociedade. A escola é autogestionária (autogestão). Esta escola é administrada por conselhos. Eles é que definem as regras escolares (dizer como a escola vai funcionar). A escola é que decide sobre o seu currículo e seu método. Há um distanciamento da burocracia do Estado. A educação é toda voltada para as necessidades e realidade do aluno. O professor lança desafios para o aluno. É um professor mediador, orientador, catalisador (acelera o desempenho e a compreensão do aluno). Ele propõe conteúdos e problemas práticos, mas não há uma cobrança, como exame por exemplo,  sobre o aluno.
Tendência libertadora
Esta tendência é conhecida como “Escola de Paulo Freire”. Para Paulo Freire o homem é um ser histórico – traz uma bagagem histórica e está em constante transformação. O homem adapta-se ao mundo, às suas necessidades. O homem se transforma e transforma o mundo.  Para Paulo Freire a escola é um ambiente de transformação social. Na sua concepção, o programa curricular formal não é valorizado. Esse programa, para Paulo Freire, tende a uma educação bancária (os conteúdos são depositados no aluno). A educação bancária é um mero depósito de conteúdos. Os educandos não são estimulados a utilizá-los de forma real. Paulo Freire valoriza os temas geradores (temas que condizem com a realidade dos educandos). Para desenvolver os temas geradores é preciso: a) valoriza as experiências trazidas pelos educandos; b) diálogo entre educador e educando; c) relação horizontal entre professor e aluno; d) que o diálogo leve à construção do conhecimento; e) que o conhecimento seja construído na relação com a realidade do educando. A transmissão de conhecimentos pré-estabelecidos por manuais, livros e apostilas, tende a reproduzir as ideias dominantes, gerando a desigualdade social. A realidade é que mediatiza a relação entre professor e aluno. A conclusão do diálogo entre professor e aluno é a consciência sobre a realidade, que representa o reconhecimento das ideias dominadoras. Na sociedade, um estado de opressão é superado pela: ação-reflexão-ação.  A ação, é a observação da realidade. A reflexão, é o indivíduo se reconhece como oprimido. E a ação (segunda ação) é, o indivíduo trabalha para sair da situação de oprimido. Somente se chega a essa visão crítica, através da educação.
Tendência crítico-social dos conteúdos
Teoria das décadas de 1970 e 1980. A escola tem que ser eficiente. Difusão dos conteúdos da Base Nacional Comum, ligados à realidade social. A escola é responsável por essa difusão, que tem que oferecer uma educação de qualidade, mas dentro das suas estruturas. O professor é mediador e promove desafios para o aluno. O estudante tem uma visão fragmentada e desorganizada da sociedade. A partir da intervenção do professor, o estudante passa a ter uma visão organizada e unificada da sociedade. Qual é o papel da escola e do professor? Passar ao aluno uma visão organizada e unificada da sociedade, porém, com o tempero: a criticidade, que deve levar o aluno à sua autonomia.

OUTRAS TENDÊNCIAS

Teoria conectivista
Aprendizagem através do hipertexto.
Teorias psicogenéticas
Piaget –Construtivismo – fases do desenvolvimento: o sujeito constrói o conhecimento interagindo com o objeto de estudo.
Wigotsky – Interacionismo/Zona de Desenvolvimento Proximal
Wallon - Fases do desenvolvimento: impulsivo-emocional; sensório-motor; personalismo; categorial; puberdade.


[1] Hoje essa tendência promove um  conflito na vida do professor: “ O que estudo e o que eu tenho na realidade da escola”.


[1] Sujeito: aquele que conhece; Objeto: fonte do conhecimento. 

BIBLIOGRAFIA

Libâneo, José Carlos. Tendências pedagógicas na Prática Escolar. São Paulo: Loiola, 1990.

FREIRE,Paulo.  Pedagogia da Autonomia. São Paulo, 2017.

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. Campinas: Autores Associados, 2005.


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