TEORIAS
DA EDUCAÇÃO: FUNDAMENTOS E CONCEPÇÕES TEÓRICAS
Acolhida – Música “Estudo Errado” de Gabriel o Pensador
“De
nada adianta o discurso competente se a ação pedagógica é impermeável à
mudança”.
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TEORIAS
DA EDUCAÇÃO
A
construção do conhecimento recai na concepção teórica do construtivismo.
Deve-se compreender que o construtivismo tem bases psicológicas com raízes na
década de 1950, com obras fundamentadas em Piaget e, antes,na década de 1920,
com psicólogos soviéticos.
Porém,
a prática pedagógica do construtivismo é consolidada com a produção de Emília
Ferreiro e Teberosk materializada na obra “Psicogênese da Língua Escrita”. Os
educadores devem reconhecer que o construtivismo não é um método, mas deve ser
entendido como uma tendência epistemologia, ou seja, uma teoria do conhecimento
ou um ideário pedagógico ou uma teoria psicopedagógica de aprendizagem e
ensino. É uma teoria pedagógica que tem ênfase na construção do conhecimento, que
acontece na interação do sujeito[1] com o objeto. Seguindo
essa teoria, deve-se entender que o conhecimento não é transferido ou
depositado pelo professor (pedagogia tradicional), mas é construído pelo
sujeito na sua relação com os outros e com o mundo.
Quando
se trata de educação infantil, a escola deve fundamentar o seu projeto
pedagógico na concepção construtivista-interacionista, porque nessa etapa da
educação deve-se buscar a interação da criança através do desenvolvimento dos
seus aspectos biológicos, psicológicos, intelectuais e socioculturais. Nesse
sentido as crianças desenvolvem suas capacidades e habilidades de forma
heterogêneas e devem contar com a escola para criar condições que realmente
venham a proporcionar-lhes suas aprendizagens. Assim sendo, a escola deve
considerar, durante o processo de aprendizagem, as possibilidades que as
crianças apresentam nas diferentes faixas etárias, propiciando o
desenvolvimento das suas capacidades físicas, afetivas, cognitivas, estéticas,
de relações interpessoais e de inserção social.
Entra
em cena aí o professor. E qual é o papel
do professor construtivista? Nessas condições o professor deve ser o mediador e
equilibrador da aprendizagem, de interações e de conflitos que ocorrem na sala
de aula. O professor construtivista
entende que o aluno possui experiências que devem ser trabalhadas na escola.
Assim, o professor não deve se apresentar como transmissor de conhecimento, mas
como alguém que vai intervir constantemente, com competência, no processo de
aprendizagem da criança, como mediador Para isso, ele precisa conhecer o aluno
de forma global. Deve saber agir diante das diversidades e de projetos
desafiadores. Deve ser um articulador. O seu perfil deve contemplar as
seguintes capacidades: dirigir, planejar, organizar, executar, controlar e
avaliar o processo de aprendizagem. É
seu papel também investigar sistematicamente a sua prática e comunicar-se de
modo a alcançar o nível de desenvolvimento e de necessidades dos seus alunos em
suas diferentes etapas de vida.
TENDÊNCIAS
PEDAGÓGICAS
Libâneo desenvolveu
as tendências pedagógicas da seguinte forma:
TENDÊNCIAS LIBERAIS
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Tendência
tradicional
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A
escola serve para preparar o indivíduo para as práticas sociais e para os
valores liberais burgueses. Essa preparação da escola tradicional é um
processo de adaptação. A escola é concebida como um espaço de disciplinamento
do aluno. Nesse processo: a) o professor é uma autoridade, não pelo que ele
sabe, mas pelo seu autoritarismo; b) o professor produz um ensino mecânico,
baseado na memorização; c) aplicação de provas – avaliação de caráter
coercitivo; d) o professor ministra conteúdos desligados da prática social do
aluno: enciclopedismo, intelectualismo, e humanista (ensino baseado na
pedagogia jesuítica, ensino seletista e exclusão); o professor utiliza o
método expositivo, tanto para crianças como para adultos e a criança é
concebida como se fosse um adulto em miniatura.[1]
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Tendência
renovada diretiva e não-diretiva
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No final do século XIX e início do século XX
vem a renovação da escola. A escola
renovada diretiva vai se conceber como um ambiente que seja favorável
para experiência do aluno; para propiciar o seu aprendizado (autoaprendizado)
com conteúdos que devem se respaldar nas necessidades da sua vida diária. O
professor deve oferecer ao aluno situações-problema. Valoriza-se bastante o
trabalho em grupo; ministra-se um conteúdo de natureza científica, mas que
seja aplicável às necessidades do aluno, tanto no mundo do trabalho, quanto no mundo
da socialização, das relações interpessoais, como também na compreensão a
partir de si - do interpessoal. O
professor continua com autoridade, mas sem autoritarismo. É ele o condutor da
atividade (tendência renovada diretiva). A postura do professor é mediadora.
Ele é responsável por mediar as relações existentes entre o aluno, o meio do
aluno e o conteúdo: a escola é um espaço de experiências e deve capacitar o
aluno para viver ao longo de toda a sua vida. O aluno deve aprender fazendo.
Ele é incentivado o tempo todo a aprender a aprender, o que significa o grau
de autonomia adquirido pelo aluno: ter capacidade de se guiar com autonomia.
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A escola renovada
não-diretiva
é definida por Carl Rogeres. Nela, os conteúdos e o professor não têm tanta
importância. O que é mais importante ensinar ao aluno não são os conteúdos
curriculares, mas sim que o professor estimule o aluno a ter a capacidade de
aprender, isto é, a ênfase do ensino não está nos conteúdos, mas nas questões
psicológicas. A escola deve preparar o aluno para que ele seja do ponto de
vista psicológico, saudável, motivado, interessado, capaz de aprender, para
que, a partir dessa capacidade, ele mesmo promova o seu autoaprendizado.
Então, o professor, em sala de aula, também é um terapeuta.
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Tendência
tecnicista
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A
tendência tecnicista é toda voltada para o mercado de trabalho. Ela prepara o
indivíduo para o trabalho. Molda a pessoa para uma determinada finalidade.
Qual a finalidade? Produzir mão de obra e, para isso ela se utiliza de
manuais, apostilas, livros, os quais trazem os conteúdos técnicos; os
conteúdos que devem ser aplicados no dia a dia do trabalhador (conteúdos
.extremamente objetivos). Existe uma objetividade muito grande que é baseada
na reprodução fiel trazida por esses materiais (os manuais). Então, de um
lado há o aluno que quer se preparar para o mercado de trabalho; do outro
lado há o professor que é o responsável pela transmissão do conteúdo. Entre o
professor e o aluno está o conteúdo científico. No Brasil, essa tendência se
evidenciou nos 1960 e 1970, influenciando o currículo e a LDB. Aí o papel da
escola passa a ser: formar para o mercado de trabalho. Hoje, com a formação
da mão de obra, ainda se tem uma formação tecnicista? Em parte, sim. Na
verdade, o indivíduo hoje está sendo preparado para o mercado de trabalho
sim, mas a característica do novo profissionalismo no Brasil é não querer só
formar a mão de obra alienada, quer-se desenvolver um indivíduo que seja
responsável, crítico, autônomo, cidadão; quer-se estimular o espírito
empreendedor no trabalhador, dar a ele uma educação humanitária. Então, não é
um tecnicismo reprodutivista (como na década de 1970), é um tecnicismo
diferente que objetiva o senso crítico, a cidadania, a solidariedade.
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TENDÊNCIAS
PROGRESSISTAS
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Tendência
libertária
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Essa
tendência está vinculada ao anarquismo – uma forma de governo em que a ordem
é estabelecida pelos grupos e não há o domínio direto do Estado na sociedade.
A escola é autogestionária (autogestão). Esta escola é administrada por conselhos.
Eles é que definem as regras escolares (dizer como a escola vai funcionar). A
escola é que decide sobre o seu currículo e seu método. Há um distanciamento
da burocracia do Estado. A educação é toda voltada para as necessidades e
realidade do aluno. O professor lança desafios para o aluno. É um professor
mediador, orientador, catalisador (acelera o desempenho e a compreensão do
aluno). Ele propõe conteúdos e problemas práticos, mas não há uma cobrança,
como exame por exemplo, sobre o aluno.
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Tendência
libertadora
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Esta
tendência é conhecida como “Escola de Paulo Freire”. Para Paulo Freire o homem
é um ser histórico – traz uma bagagem histórica e está em constante
transformação. O homem adapta-se ao mundo, às suas necessidades. O homem se
transforma e transforma o mundo. Para
Paulo Freire a escola é um ambiente de transformação social. Na sua
concepção, o programa curricular formal não é valorizado. Esse programa, para
Paulo Freire, tende a uma educação bancária (os conteúdos são depositados no aluno).
A educação bancária é um mero depósito de conteúdos. Os educandos não são
estimulados a utilizá-los de forma real. Paulo Freire valoriza os temas
geradores (temas que condizem com a realidade dos educandos). Para
desenvolver os temas geradores é preciso: a) valoriza as experiências
trazidas pelos educandos; b) diálogo entre educador e educando; c) relação
horizontal entre professor e aluno; d) que o diálogo leve à construção do
conhecimento; e) que o conhecimento seja construído na relação com a realidade
do educando. A transmissão de conhecimentos pré-estabelecidos por manuais,
livros e apostilas, tende a reproduzir as ideias dominantes, gerando a
desigualdade social. A realidade é que mediatiza a relação entre professor e
aluno. A conclusão do diálogo entre professor e aluno é a consciência sobre a
realidade, que representa o reconhecimento das ideias dominadoras. Na
sociedade, um estado de opressão é superado pela: ação-reflexão-ação. A
ação, é a observação da realidade. A reflexão,
é o indivíduo se reconhece como oprimido. E a ação (segunda ação) é, o indivíduo trabalha para sair da situação
de oprimido. Somente se chega a essa visão crítica, através da educação.
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Tendência
crítico-social dos conteúdos
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Teoria
das décadas de 1970 e 1980. A escola tem que ser eficiente. Difusão dos
conteúdos da Base Nacional Comum, ligados à realidade social. A escola é
responsável por essa difusão, que tem que oferecer uma educação de qualidade,
mas dentro das suas estruturas. O professor é mediador e promove desafios
para o aluno. O estudante tem uma visão fragmentada e desorganizada da
sociedade. A partir da intervenção do professor, o estudante passa a ter uma
visão organizada e unificada da sociedade. Qual é o papel da escola e do
professor? Passar ao aluno uma visão organizada e unificada da sociedade, porém,
com o tempero: a criticidade, que deve levar o aluno à sua autonomia.
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OUTRAS TENDÊNCIAS
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Teoria
conectivista
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Aprendizagem
através do hipertexto.
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Teorias
psicogenéticas
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Piaget
–Construtivismo – fases do desenvolvimento: o sujeito constrói o conhecimento
interagindo com o objeto de estudo.
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Wigotsky
– Interacionismo/Zona de Desenvolvimento Proximal
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Wallon
- Fases do desenvolvimento: impulsivo-emocional; sensório-motor;
personalismo; categorial; puberdade.
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[1]
Hoje essa tendência promove um conflito
na vida do professor: “ O que estudo e o que eu tenho na realidade da escola”.
[1]
Sujeito: aquele que conhece; Objeto: fonte do conhecimento.
BIBLIOGRAFIA
Libâneo, José Carlos. Tendências pedagógicas na Prática Escolar.
São Paulo: Loiola, 1990.
FREIRE,Paulo. Pedagogia
da Autonomia. São Paulo, 2017.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras
aproximações. Campinas: Autores Associados, 2005.
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