Seja Bem Vindo !!!!

Este blog tem por objetivo mostrar meu trabalho em sala de aula, trocar experiências com professores e alunos e receber sugestões metodológicas, exemplos de projetos pedagógicos, etc.

domingo, 19 de julho de 2015

Cadernos PNAIC 2013/2014

1. Formação de Professores - PNAIC
2. Apresentação LP
3. Apresentação MTM
4. Avaliação no ciclo de alfabetização - Reflexões e Sugestões
5. Reflexões sobre a prática do professor no ciclo de alfabetização
6. Progressão escolar e avaliação
7. Currículo 1
8. Currículo 2
9. Currículo 3
10. Currículo 4
11. Organização do trabalho pedagógico
12. Planejamento 1
13. Planejamento 2
14. Planejamento 3
15. Planejamento 4
16. Planejamento 5
17. SEA 1
18. SEA 2
19. SEA 3
20. Ludicidade na sala de aula
21. Brincando na escola
22. Os diferentes textos
23. Gêneros textuais
24. Gêneros textuais em salas multiseriadas
25. Diversidade e progressão escolar
26. Projeto e Sequência didática 1
27. Projeto e Sequência didática 2
28. Projeto e Sequência didática 3
29. Alfabetização para todos
30. Heterogeneidade 1
31. Heterogeneidade 2
32. Educação Inclusiva
33. Alfabetização para o campo
34. Organização do trabalho docente
35. Organização da ação docente no campo 
36. Construindo histórias
37. Reinventando histórias
38. 3º ano consolidando conhecimentos
39. Quantificação, Registro e Agrupamento
40. Construção do SND
41. Operações na resolução de problemas
42. Geometria
43. Grandezas e Medidas
44. Educação Estatística
45. Saberes matemáticos e outros campos do saber
46. Educação matemática do campo
47. Educação Inclusiva 2
48. Jogos regras
49. Jogos Encarte








terça-feira, 14 de julho de 2015

Obras Importantes

Caríssimos alunos,

Abaixo seguem relacionadas as biografias de teóricos importantes para a educação.

Henri Wallon
Jean Piaget
Lev Semionovich Vygotsky
Maria Montessori

Boa leitura a todos!!!

sábado, 2 de maio de 2015

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
EMENTA
1. METODOLOGIA CIENTÍFICA
2. A UNIVERSIDADE, O ACADÊMICO E O USO DA BIBLIOTECA
3. O CONECIMENTO
4. O SENSO COMUM
5. O MÉTODO CIENTÍFICO
6. PESQUISA
7. O TEXTO
8 O ESTUDO DE TEXTO (elementos da comunicação, tipos de análise de texto, técnicas metodológicas)
9. TRABALHOS ACADÊMICOS
10. EVENTOS CIENTÍFICOS
OBJETIVO GERAL– Compreender a importância da disciplina METODOLOGIA CIENTÍCA no curso, e aprender a estudar e a elaborar trabalhos acadêmicos de acordo com as normas e os procedimentos metodológicos e as normas oficializadas por instituições especializadas. E ainda, aprender a pensar de maneira lógica, sistemática, analítica e crítica.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
a) Inquirir sobre o que é científico; senso comum; como pesquisar; como elaborar um projeto de pesquisa.
b) Participar, com habilidade e agilidade do diálogo e dos trabalhos de grupo.
DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO:
1. Apresentação da ementa
2 Exposição dialogada (dois momentos).
3. Trabalhos de grupo: análise e produção de textos (trabalhos acadêmicos)
4. Elaboração e apresentação de projetos de pesquisa
5. Trabalho de grupo: pesquisa de campo
RECURSOS DIDÁTICOS:
1. Apostila
2. Textos
3. Livros
4. Dicionário de Metodologia Científica
AVALIAÇÃO:
1. Observação dos trabalhos
2. Análise dos trabalhos realizados
3. Pesquisa de campo.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
2
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
1. METODOLOGIA – (origem grega) Metá (na direção de, ou através de, ou a seguir) + hodós (caminho, via) + logos (estudo) = metodologia – estudar e avaliar vários métodos e verificar suas limitações e as implicações de sua utilização.
2. METODOLOGIA CIENTÍFICA – É o estudo, a geração e a verificação dos métodos, das técnicas e dos processos utilizados na investigação e resolução de problemas, com vistas ao desenvolvimento do conhecimento científico (RODRIGUES, 2.006).
3. UNIVERSIDADE, O ACADÊMICO E O USO DA BIBLIOTECA – A primeira universidade de que se tem notícia surgiu em Salermo1, próxima de Nápoles2, no início do século XI. Surgiram então as universidades Bolonha (1088), de Parma (1100), de Paris (1120), de Oxford (1130), de Pádua (1222), de Nápoles (1224) de Toulouse (1229) e de Montpelier (1288) (INÁCIO FILHO, 1995, p. 28. Apud RODRIGUES, 2.006). No Brasil, a primeira universidade a se formar com uma maior autonomia didática e administrativa, voltada para a pesquisa, a difusão da cultura e o benefício da comunidade, foi a Universidade de São Paulo em 1934 (ARANHA, 1996,p. 201. Apud RODRIGUES, 2.006). Sendo a universidade um lugar de reprodução, produção e socialização do conhecimento, o saber nela produzido deve ser utilizado para o desenvolvimento e a transformação da sociedade. É necessário, portanto, que a universidade mantenha sempre a relação ensino, pesquisa e extensão em uma inter-relação com a sociedade (RODRIGUES, 2006). Importante também se faz que, ao ingressar na universidade, o calouro perceba a relevância dos estudos e da sua formação profissional: assumindo uma nova postura para que sua formação intelectual e profissional seja inquestionável diante de uma sociedade seletiva e globalizante, na qual vivemos. Assim sendo, (...) o aluno deverá ter responsabilidade e autodisciplina para conduzir seus estudos e, assim, tirar o máximo proveito da excelente oportunidade de crescimento cultural que a universidade lhe oferece. Em contra partida, na universidade ele desenvolverá conteúdos teórico-práticos necessários a sua formação profissional e intelectual, cabendo-lhe não só reter esses conteúdos, mas também produzir conhecimentos (RUIZ, 1996, p. 19-20. Apud RODRIGUES, 2.006). É importante estudar nos dias atuais. Hoje o acadêmico deve estar consciente do objetivo que pretende alcançar. O uso da biblioteca é indispensável na vida do universitário. Ela é o pulmão da universidade (INÁCIO FILHO, 1995, p. 19. Apud RODRIGUES, 2.006). Deve existir um elo ligando: professor x aluno x biblioteca. A internet é também um importante veículo de transmissão de conhecimento, mas é necessário que o aluno desenvolva a capacidade de analisar criticamente a qualidade das informações obtidas na Rede.
1 Sua especialização era a arte de curar.
2 Nápoles é um dos portos mais importantes da Itália, com vivo intercâmbio comercial e turístico. É sede episcopal e grande centro cultural.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
3
4. TEXTO (do latim “textu”, que significa tecido) – “Um texto é uma tessitura de significados constituída no entrelaçamento físico de vestígios, é a fixação, em um suporte material, da obra humana na história. CUNHA entende que um texto é todo suporte material que porta uma mensagem, sendo o texto acadêmico um tecido urdido3 intelectualmente, que resulta da trama que cada tecelão realiza distintamente – lançando mão de sinais diversos ou similares. Para o estudo de um texto, o aluno deve, primeiro, definir qual o seu objetivo. Logo após deve procurar o texto, seguindo indicações feitas pelo professor, visitando uma biblioteca ou livraria, acessando a internet, etc. Antes de iniciar o estudo, é importante que o estudante tenha um contato geral com a obra por meio dos elementos: título, autoria, editora, data de publicação, orelhas, capas, sumários, referências, apresentação, prefácio e introdução. Essas informações facilitarão na delimitação da unidade de leitura (livro, um capítulo, etc.) A leitura de autores amplia o entendimento do pesquisador permitindo que em determinado momento do processo ele enfoque o mesmo objeto de um outro prisma, que encontre pontos análogos entre as teorias e a prática pedagógica, que experimente mirar uma certa descontinuidade entre as coisas e o foco das percepções usuais, culminando com um insight sobre a questão que o instiga.(DIEZ e HORN). Os trabalhos acadêmicos conduzem os alunos a uma formação técnica e/ou científica crítica, reflexiva e competente. É imprescindível, assim, que tenham um acompanhamento adequado do professor e sejam respeitadas suas metodologias” (RODRIGUES, 2.006).
5. A PESQUISA - Ao escolher o tema o pesquisador deve levar em conta suas preferências pessoais, suas aptidões, tempo disponível e recursos materiais e financeiros necessários para a realização da pesquisa, bem como a relevância do tema selecionado e sua contribuição pessoal ou cultural. Na escolha do objeto é relevante que o pesquisador observe suas vivências, conversas, leituras, debates e questões polêmicas da realidade na qual está inserido. (...) Toda pesquisa demanda um certo planejamento que deve levar em conta tanto a natureza do problema a ser investigado quanto o grau de conhecimento do pesquisador sobre o objeto em questão. Neste sentido de pouco adianta rebuscar ou sofisticar os aspectos metodológicos quando não se possua instrumental teórico suficiente para analisar os sinais ou dados que o estudo apresenta em seus resultados. Os sinais, dados ou fatos, sejam eles produtos de pesquisa de campo, bibliográfica ou de outro tipo, necessitam ser interpretados. (id.). Pode-se definir a pesquisa científica como uma atividade de investigação planejada que utiliza métodos e técnicas em busca de soluções para problemas propostos. Para realização de uma pesquisa científica, é importante que o pesquisador tenha algumas qualidades elementares: paciência, perseverança, curiosidade, sensibilidade social e atitude crítica, autocorretiva e disciplinada.
6. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA – tem por fim a aprendizagem e a aquisição e produção de conhecimento. Exige: organização, comprometimento, disciplina e incorporação de atitude investigativa. Deve ser regida por princípios éticos – sempre indicar as fontes de referência das idéias pertencentes a outros autores (RODRIGUES, 2.006). Esta pode ser realizada independentemente ou como parte de qualquer outra pesquisa. Desenvolve-se tentando explicar um problema, utilizando o
3 Aqui o autor quer dizer: tramado, bem elaborado, bem tecido, com fios bem entrelaçados, conclusão: um texto bem elaborado, bem composto.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
4
conhecimento disponível a partir de teorias publicadas em livros e obras congêneres. Tipo muito comum na área de ciências humanas e sociais.
7. PESQUISA DE CAMPO - Realizada a partir de dados obtidos no local onde o fenômeno surgiu.
8. PESQUISA DE LABORATÓRIO - produz ou reproduz o fenômeno estudado.
9. TÉCNICA DE PESQUISA – O método estabelece o que fazer; a técnica o como fazer. As técnicas mais utilizadas na coleta de dados são: a observação, a entrevista, o formulário e o questionário.
10. ARTIGO CIENTÍFICO – Os artigos científicos revelam os resultados de estudos ou pesquisas e se diferenciam de outros tipos de trabalhos científicos por sua reduzida dimensão e conteúdo. São publicados em revistas ou periódicos especializados. Podem ser classificados em: artigo original (quando apresenta temas ou abordagens originais); e artigo de revisão (quando resume, analisa e discute informações de trabalhos já publicados). (LAKATOS e MARCONI, 1991, p. 238. Apud RODRIGUES, 2.006). A sua estrutura é seguinte: Cabeçalho (título e subtítulo se houver); nome do autor do artigo seguido de asterisco, para informar, no rodapé, as suas credenciais; resume(vem logo após o nome do autor e deve apresentar de forma concisa, clara e objetiva o conteúdo do artigo, não ultrapassando 250 palavras; palavras-chave (devem ser colocadas logo abaixo do resumo); corpo do artigo (introdução, desenvolvimento e conclusão)
11. COMUNICAÇÕES CIENTÍFICAS – São pequenos trabalhos escritos, bastante sucintos, que apresentam resultados preliminares, parciais ou finais de pesquisas. Sua função é divulgar esses resultados em anais, revistas e periódicos especializados; e também são apresentados em eventos científicos, como congressos, seminários, conferências, reuniões, etc. É comum, após a publicação de uma comunicação científica, ela ser apresentada nesse tipo de evento.
12. SEMINÁRIO – Utilizado para o estudo e a exposição de um tema ou texto. Pode ser classificado em: seminário de texto (quando são atribuídos, a um indivíduo ou a um grupo, o estudo e a apresentação de um texto previamente estabelecido); seminário de tema (quando é indicado um tema para pesquisa, estudado e apresentado por um indivíduo ou um grupo).
13. EVENTOS CIENTÍFICOS – Os principais eventos científicos são: congresso e encontro (para divulgar, debater ou deliberar sobre determinado assunto, em um certo período de tempo); painel (discutir assuntos controversos de grande interesse público: expositores especialistas no assunto, sob a coordenação de um mediador ou moderador, podendo, depois do debate dos expositores, abrir a palavra para questionamentos do público-alvo); simpósio (estudo sobre um determinado tema sob a coordenação de um mediador ou moderador: os vários aspectos do tema são atribuídos a diferentes subgrupos que irão estudá-los realizando uma pesquisa. Após os estudos é marcada uma reunião geral em que cada subgrupo apresenta as conclusões alcançadas de seu subtema ao grande grupo, sob a coordenação do moderador. O simpósio é um evento de maior envergadura que o seminário); fórum (um palestrante – especialista – realiza uma exposição profunda sob um determinado tema, sem interrupção. Depois o público-alvo é dividido em subgrupos para trocar idéias e formular perguntas ao expositor); palestra
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
5
(exposição de um determinado tema, por palestrante especialista, sob a coordenação de um mediador. Depois o coordenador abre a palavra para questionamentos).
14. CONHECIMENTO – Os animais conhecem as coisas; já o homem, além de conhecer, investiga-lhes as causas. (...) o homem conhece e pensa; elabora o material de seus conhecimentos (RUIZ, 1996, p. 90.Apud RODRIGUES, 2.006). O conhecimento possui três elementos necessários: o sujeito (o ser humano); o objeto (o mundo exterior ao sujeito); e o conceito (a representação e a explicação do objeto-elaborado pelo homem). Há quatro tipos de conhecimento: conhecimento vulgar ou popular (senso comum: subjetivo, assistemático, superficial, acrítico, falível, ametódico); conhecimento teológico (baseia-se no estudo de Deus: inspiracional, sistemático, não verificável, acrítico, infalível); conhecimento filosófico (é um constante indagar, cujas respostas se tornam objeto de novas indagações. Crítico, racional, sistemático, não verificável, geral); conhecimento científico (produzido pela investigação científica, por meio de seus métodos e de suas técnicas).
15. MÉTODO CIENTÍFICO – É um conjunto de procedimentos racionais e sistemáticos que possibilita alcançar um determinado objetivo. É um caminho planejado a ser seguido na investigação científica (RODRIGUES, 2.006). Conjunto das atividades racionais e sistemáticas que, com maior segurança e economia, possibilita alcançar o objetivo, viabilizando o caminho a ser seguido, localizando erros e orientando as decisões do cientista (LAKATOS e MARCONI, 1991, p. 83. Apud RODRIGUES). Conjunto de normas-padrão que pautam uma pesquisa para que ela seja bem sucedida e seus resultados obtenham a adesão racional da comunidade científica. Toda e qualquer pesquisa tem sua situação problema que convida o cientista a investigá-la. Guiado por um certo número de hipóteses preliminares, e auxiliado pela imaginação criadora, o pesquisador trata de observar os fatos, coletar dados que lhe permitam formular hipóteses frutíferas e dar continuidade à pesquisa. Num segundo momento essas hipóteses devem ser testadas e experimentadas. Uma vez confirmadas, as hipóteses transformam-se em leis, que por sua vez são incorporadas em teorias capazes de explicar e prever os fenômenos presentes no mundo circundante (Ribeiro de Sousa, 1995: 59 e 60). Podem-se reunir os métodos em dois grandes grupos: de abordagem e de procedimentos. Os de abordagem são:
 MÉTODO INDUTIVO – É aquele que, por meio de observações particulares, chega-se a afirmação de um princípio geral; é o raciocínio lógico que vai do particular para o geral (Carlos é mortal. Paulo é mortal. Pedro é mortal. Ora, Carlos, Paulo e Pedro são homens. Logo, todos os homens são mortais): observação dos fenômenos, descoberta da relação entre eles e generalização da relação.
 MÉTODO DEDUTIVO – É o raciocínio lógico que sai do geral para o particular (Todo homem é mortal – premissa maior. Paulo é homem – premissa menor. Logo, Paulo é mortal – conclusão). Esse método foi proposto pelos racionalistas René Descartes (1596-1650), Spinoza (1632-1677) e Leibniz (1646-1716) – o conhecimento se realiza pela dedução.
 MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO – O valor de uma teoria não se mede por sua verdade, mas pela possibilidade de ser falseada. (...) a hipótese pode se mostrar válida, pois superou todos os testes, mas não definitivamente confirmada,
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
6
já que a qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide (GIL, 1999, p. 30-31. Apud RODRIGUES, 2.006).
 MÉTODO DIALÉTICO – Contesta uma realidade posta, enfatizando as suas contradições. Consiste no conflito dos contrários: (A flor precisa murchar para se formar o fruto. O fruto precisa apodrecer para se ter a semente. A semente precisa morrer para que germine uma nova planta). É uma luta de forças contrárias: o positivo e o negativo; a vida e a morte; o explorado e o explorador; o amor e o ódio; etc.
 MÉTODO FENOMENOLÓGICO – É o estudo dos fenômenos, em si mesmos, apreendendo sua essência, estrutura de sua significação. Trata de descrever, compreender e interpretar os fenômenos que se apresentam à percepção.
Os métodos de procedimento são:
 MÉTODO ESTATÍSTICO – Utiliza a estatística para a investigação de um fenômeno ou objeto de estudo. Contribui para a coleta, a organização, a descrição, a análise e a interpretação de dados, e utiliza esses dados na tomada de decisões. É utilizado nos estudos de fenômenos sociais, políticos, econômicos, biológicos, etc. Esses fenômenos são submetidos à manipulação estatística, para que sejam verificadas suas relações mútuas e sejam obtidas generalizações.
 MÉTODO COMPARATIVO – Conduz à investigação por meio da análise de dois ou mais fatos ou fenômenos, procurando ressaltar as diferenças e similaridades entre elas. Exemplos: comparação de tipos de eleições; diferentes formas de governo; taxa de escolarização de países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
 MÉTODO EXPERIMENTAL – Consiste essencialmente em submeter os objetos de estudo à influência de certas variáveis, em condições controladas e conhecidas pelo investigador, para observar os resultados que a variável produz no objeto. Pode ser considerado o método por excelência das ciências naturais.
 MÉTODO TIPOLÓGICO – Consiste na elaboração de modelos ideais que servem para análise ou avaliação de uma realidade concreta. É uma construção teórica idealizada, hipotética.
 MÉTODO HISTÓRICO – Conduz à investigação a partir do estudo dos acontecimentos, dos processos e das instituições do passado, procurando explicar sua influência na vida social contemporânea.
 MÉTODO FUNCIONALISTA - Estabelece uma analogia entre a sociedade e o organismo4. Nele enfatizam-se as relações e o ajustamento entre os diversos componentes de uma sociedade. Ele estuda a sociedade do ponto de vista de suas unidades, de suas partes, considerando toda a atividade social como funcional. Por
4 O conceito de organismo foi formulado pela primeira vez, por Aristóteles da seguinte maneira: “se o machado tem de rachar a madeira deve necessariamente ser duro; e, se tem de ser duro, deve necessariamente ser de bronze ou de ferro. Ora, exatamente da mesma maneira, o corpo, que é um instrumento como o machado – visto que cada uma de suas partes, assim como sua totalidade, tem uma finalidade própria – tem de ser feito necessariamente assim e assim, se é que deve cumprir sua função”. Nesta noção, o ponto fundamental é que toda a estrutura do organismo subordina-se à sua função, isto é, a seu fim de sobreviver como organismo; dessa característica deriva a outra, de subordinação das partes ao todo. [...] A subordinação das partes ao todo que, - só ele – é substância, passou a ser a característica fundamental do organismo. [...] o organismo pode ser considerado como máquina, mas uma máquina dotada de unidade funcional, coerente, integral e, ademais, capaz de autoconstruir-se, com base num plano ou projeto que se mantém relativamente invariável de geração em geração (Abbagnano, 2003, p. 734).
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
7
exemplo, um pesquisador pode analisar as funções de determinados costumes ou instituições para conhecer seu sentido e manter a unidade de um determinado grupo social (RODRIGUES, 2.006). (...) o conceito de sociedade é visto como um todo em funcionamento. E o papel das partes nesse todo é compreendido como funções no complexo de estrutura e organização (LAKATOS e MARCONI, 1991, p.110. Apud RODRIGUES).
 MÉTODO ESTRUTURALISTA – É utilizado para o estudo de culturas, linguagens, etc., como um sistema em que os elementos constituintes mantêm, entre si, relações estruturais. Assim, por exemplo, as relações entre os modos de vestir, os hábitos alimentares, as estruturas de parentesco, a forma de poder e o sistema econômico de uma sociedade podem apresentar, em seu interior, estruturas invariantes, e é possível construir modelos que a representem.
 MÉTODO CLÍNICO – É usado principalmente por psicólogos em uma relação entre o pesquisador e o pesquisado. É também usado nas ciências médicas e em outras áreas das ciências humanas.
16. REFERENCIANDO OS AUTORES - “Desde que Aristóteles escreveu ‘A poética’, qualquer sistematização ‘científica’, ou melhor, acadêmica, apenas se caracteriza como tal se se reportar às autoridades que já pesquisaram sobre a temática, pois, como ‘ser social’ que faz cultura, o homem não produz qualquer conhecimento sem que o mesmo se relacione a algo anteriormente elaborado, isto é, não inicia uma criação a partir do nada. Ao contrário, mesmo que se oponha ao instituído, tem nele um referencial de negação (DIEZ e HORN, 2.004)”. Os autores explicam que a revisão de literatura é o ponto de partida obrigatória de um estudo. Referenciar autores – autoridades – significa validar o seu estudo, o seu texto. Se o texto for redigido com citações, pensamentos ou mesmo teorias sem referências aos autores, este não terá validade acadêmica. O referencial teórico é a parte mais importante de um estudo acadêmico, pois aprofunda o conhecimento e permite o aparecimento de novas idéias
17. REGISTRO DO CONTEÚDO ESTUDADO - Tanto para o conhecimento como para a elaboração de um texto, ao se fazer uma leitura deve-se registrá-la, pois a memorização dos conteúdos será insuficiente se apenas se lê, sem nada anotar. Assim, ao mesmo tempo da realização da leitura elaboram-se os seus registros em: fichas, arquivos, cadernos, blocos, etc. E nessas anotações devem constar as referências completas da literatura, inclusive com nome do tradutor, se houver, e número de edição. Esses conteúdos devem ser anotados já com as próprias palavras – parafraseando o autor -, transportando palavras, frases ou passagens com palavras e estruturação de redução diferente da do texto original. A paráfrase (explicação mais desenvolvida de um texto por meio de palavras diferentes das nele empregadas) deve ser fiel ao texto original. O processo de leitura e de registro da mesma, com outras palavras, além de levar à memorização, conduz ao exercício formador de um acervo de saberes que agilizam a cognição permitindo a atribuição própria de significados na decifração da realidade. Após a realização da leitura e dos registros de vários textos, torna-se possível extrair destes, elementos para a montagem dos capítulos do estudo. A título de exercício, DIEZ e HORN (2.004) sugerem a leitura da “Alegoria da Caverna”, no anexo III, onde encontraremos paráfrases completas e paráfrases resumidas de outros. Com a análise e comentário desse material tem-se uma amostra de como se escreve um texto acadêmico.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
8
18. PROJETO DE PESQUISA - Um projeto é uma espécie de carta de intenção, de explicitação da proposta do estudo que se pretende realizar; é o esboço que permite prever o lançamento para diante de uma busca teórica que se constitui em condição para qualquer nível de graduação, de pós-graduação. Assim, configura-se como o planejamento da pesquisa, enquanto a monografia é a sistematização (relatório) do processo e resultado da investigação. [...] Na sua redação, a linguagem deve ser técnica, denotativa, objetiva e concisa, sempre fugindo do vulgar. Norteia-se a impessoalidade por meio do uso da terceira pessoa do singular e a partícula apassivadora “se”, quando necessário. Deve-se, ainda, evitar a construção de frases muito longas, a repetição de idéias, o pedantismo, as gírias e os termos vagos, imprecisos e ambíguos (RUDRIGUES, 2006, p. 155). Conforme o quadro a seguir, o projeto deverá atender alguns quesitos mínimos:
QUADRO I – QUESITOS DO PROJETO5
QUESITOS / PERGUNTAS
ROTEIRO DE PROJETO
O que é?
Tema
Por que?
Problematização
Para que?
Objetivo
Qual a relevância?
Justificativa
Qual o fundamento?
Revisão de literatura
Como será realizada?
Metodologia
Como será agendada?
Cronograma
Quais as fontes?
Referências bibliográficas
 IDENTIFICAÇÃO DO TEMA - É o espaço onde será descrito o objeto do estudo. O tema deverá ser redigido com objetividade, exprimindo globalmente a proposta.
 DELIMITAÇÃO DO TEMA - [...] O tema não pode ficar aberto ou vago. Deve ser escolhido um aspecto dele para ser trabalhado. A delimitação do tema exige especificação, seleção de um tópico ou parte a ser pesquisada. Assim, é necessário definir sua extensão, profundidade e área de conhecimento (geografia, pedagogia, direito, medicina, história arquitetura, administração, etc.). Também é preciso delimitar o tema no tempo e no espaço, ou seja, indicar o contexto histórico e geográfico em cujos limites ele se localiza. Dependendo do tipo de monografia (trabalho de conclusão de curso, dissertação e tese), deve-se delimitar a área de conhecimento, a área especializada de conhecimento e a área de concentração. Ex: Área de conhecimento – geografia
Área especializada – geografia agrária
Área de concentração – organização do espaço rural no mundo subdesenvolvido (id.).
 PROBLEMATIZAÇÃO - Um problema é uma questão levantada para inquirição, consideração, discussão, decisão ou solução. Problematizar é dar forma de
5 DIEZ e HORN, 2004, p.44.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
9
problema a; tornar problemático: (...) problematizava ainda um desenlace satisfatório (Euclides da Cunha). (...) Problematizar é especificar um ponto para ser resolvido, aquilo que significa contenda, desavença, discussão ou conflito em relação à temática escolhida, portanto é uma questão, um enunciado que interroga sobre como chegar a uma boa conclusão (DIEZ e HORN, 2.004). Esta etapa – talvez a mais trabalhosa do projeto de pesquisa – exige do pesquisador muita leitura, reflexão e curiosidade. Contudo, escolhido e definido o problema, a decisão sobre os demais procedimentos da pesquisa é facilitada.
 OBJETIVO - O objetivo de um projeto de pesquisa é o seu norte: norteia o estudo na busca do conhecimento acadêmico desejado. Desde que seja um projeto de monografia, seu objetivo deve referir-se ao saber. Eis porque ao elaborá-lo devemos usar termos como: pesquisar, estudar, perquirir, investigar, inquirir, indagar, questionar, esclarecer, explicitar, etc.
 0BJETIVO GERAL - O objetivo geral, de modo lato, é o norte do conhecimento acadêmico desejado, abraçando pesquisa e monografia como uma proposta ampla.
 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Os objetivos específicos existem para o cumprimento do objetivo geral, manifestando as etapas previstas para completar a finalidade almejada. Por isso aconselha-se um objetivo específico para cada segmento – capítulo, parte ou seção – da monografia.
 JUSTIFICATIVA - Na justificativa argumenta-se sobre a relevância do estudo, retomando problematização e objetivo geral, mostrando a importância da abordagem pensada como solução da questão identificada.
 REVISÃO DE LITERATURA - Aqui se trata a temática segundo os vários autores, relacionando-os. Este item depois será ampliado e aperfeiçoado para construir o ‘corpo de texto’ da monografia.
 METODOLOGIA - A metodologia existe para facilitar o cumprimento dos objetivos. Deve-se descrevê-la, determinando e esclarecendo os caminhos escolhidos para o estudo e sua sistematização.
 CRONOGRAMA - O cronograma (em forma de tabela ou de texto) é um planejamento das etapas do trabalho a ser realizado, distribuídas no tempo previsto para o estudo; é um agendamento das tarefas para o alcance dos objetivos, desde a escolha da temática até a redação final.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
10
QUADRO II – EXEMPLO DE CRONOGRAMA
CRONOGRAMA
A pesquisa será desenvolvida de março a dezembro de 2014
PERÍODO /
ATIVIDADES
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Definição do tema
X
Revisão inicial de
Literatura
X
X
Elaboração do
Projeto
X
X
X
Revisão de literatura
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Definição de categorias para
definição de capítulos
X
X
Análise dos dados
X
X
Redação final
X
X
 REFERÊNCIAS - Aqui se registram todos os autores e/ou documentos citados ou referenciados no texto.
19. MONOGRAFIA – A monografia, como trabalho final de curso de graduação, mantém o sentido etimológico: monografia. Todavia, em muitas universidades e faculdades, tem-se substituído o termo por Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Trabalho de Graduação Interdisciplinar (TGI) ou Trabalho Final de Graduação (TFG), entre outros. Na conclusão do curso de mestrado, a monografia é denominada dissertação. Já para a conclusão do doutorado, recebe o nome de tese. O grau de originalidade, profundidade, extensão e metodologia utilizado na monografia, dependerá do grau acadêmico que se pretende obter. Geralmente as universidades e faculdades estabelecem critérios e/ou normas para cada grau: graduação, especialização, mestrado e doutorado. Há grande discussão de diversos autores sobre as características que diferenciam a monografia, a dissertação e a tese (RODRIGUES, 2006, p. 191), porém, vamos nos deter à monografia. Esta é o resultado final do trabalho da pesquisa realizada para este fim. O texto monográfico é organizado por segmentos que se subdividem em três níveis hierárquicos: bloco, parte (divisão do bloco) e subparte (divisão da parte). Os blocos são: pré-textual, textual e pós-textual.
 RECORTE TEMÁTICO - O momento da escolha do tema para uma monografia é o mais estressante do curso, pois ocasiona o aparecimento do medo de errar. O maior problema está (na maioria dos casos) na falta de leitura, o que gera ausência de conhecimento lato sobre a temática. Por isso recomenda-se que inicialmente escolha-se um assunto e se vá à biblioteca pesquisá-lo. Busca-se a literatura geral nas fichas catalogadas, por assunto. Inicia-se então a seleção da literatura: autores conhecidos ou já referenciados em estudos anteriores, editoras reconhecidas, publicações mais atuais, publicações mais antigas, etc. Vem a segunda etapa seletiva: leitura panorâmica de cada livro – orelha, sumário, apresentação e / ou
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
11
introdução. Os acréscimos virão com as indicações que os autores selecionados apresentam. E, para ampliar a pesquisa, buscam-se na biblioteca referências adicionais.
QUADRO III – ELEMENTOS DA MONOGRAFIA6
BLOCO
PARTE
SUBPARTE
Obs.
PRÉ-
TEXTUAL
Capa
Lombada
Folha de rosto
Errata
Termo (ou folha) de aprovação
Epígrafe
Dedicatória
Agradecimentos
Resumo na língua vernácula
Resumo em língua estrangeira
Lista de ilustrações
Lista de tabelas
Lista de abreviaturas e siglas
Lista de símbolos
Índice de figuras
Índice de quadros
Sumário
obrigatório
opcional
obrigatório
opcional
obrigatório
opcional
opcional
opcional/condicional
obrigatório
obrigatório
opcional
opcional
opcional
opcional
opcional/condicional
opcional
obrigatório
TEXTUAL
Introdução
Corpo do texto
Conclusões (ou considerações
finais)
Partes e ou/
Capítulos
obrigatório
obrigatório
obrigatório
obrigatório
PÓS-
TEXTUAL
Referências
Glossário
Apêndices
Anexos
Índice
Folha em branco
Anexos
obrigatório
opcional
opcional
opcional
opcional
obrigatória
6 DIEZ e HORN, 2.004.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
12
FIGURA 1 – CAPA
NOME DA UNIVERSIDADE
NOME DO CURSO
TÍTULO DO TRABALHO
Local
Data
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
13
ERRATA – A errata é um elemento opcional, é utilizada para correção de informação e deve ser inserida logo após a folha de rosto. Esta contém os elementos : número da folha, número da linha, onde se lê, leia-se. A palavra errata tem fonte 16.
FIGURA 2 – FOLHA DE ROSTO
FIGURA 2 – EXEMPLO DE FOLHA
NOME DO ALUNO
TÍTULO DO TRABALHO
Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da Faculdade Teofilopedagógica do Maranhão como um dos pré-requisitos para obtenção do Grau de Licenciatura em Pedagogia.
Orientador: Profa. Dra........... MDias.
Local
Data
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
14
FIGURA 3 – TERMO DE APROVAÇÃO
TERMO DE APROVAÇÃO
NOME DO ALUNO
TÍTULO DO TRABALHO
Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da Faculdade Teofiopedagógica do Maranhão, como um dos pré-requisitos para obtenção do Grau de Licenciatura Plena em Pedagogia.
Aprovado em---------------------------------------------
Banca Examinadora
Prof. Dr. Álvaro Xxxxxxxx Xxx
Departamento de Filosofia, UFPR
Profa. Drª Xxxxxxx Xxxxx
Departamento de Comunicação, UFPR
Orientador:
Prof. Dr. Xxxxxxxx Xxxxxxx
Departamento de Ciências Sociais, UFPR
Local
Data
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
15
EPÍGRAFE - Frase de autoria própria ou retirada da literatura, que deve cumprir duas funções: estética – revela a sensibilidade e o zelo do autor em relação à temática; comunicativa – apresenta-se como dístico, mote ou mensagem-síntese que o autor deseja emitir sobre a questão para divulgar sua visão sobre a temática. O texto deve ser disposto no canto direito inferior da página em direção à margem esquerda.
FIGURA 4 – EPÍGRAFE
A Questão que se Coloca...
O que é grave
É sabermos
que atrás da ordem deste mundo
existe uma outra
Que outra?
Não o sabemos.
O número e a ordem de
suposições
possíveis
neste campo
é precisamente
o infinito!
Artand
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
16
DEDICATÓRIA - O autor do trabalho presta alguma homenagem ou dedica o seu trabalho a alguém.
FIGURA 5 - DEDICATÓRIA
Dedico o esforço dispendido neste estudo...
...ao querido companheiro de todas as horas, Chartes, e aos amados filhos Edu e Aline.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
17
FIGURA 6 – AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
Quantas graças de tantos recebi!
Ofertaram-me conhecimento, sabedoria, estima, respeito, amizade, incentivo, companheirismo... Tantas dádivas, que contá-las é impossível; de tantos, que nomeá-los seria tarefa inexeqüível. Assim, reconhecendo a prodigalidade de professores, amigos e parentes, registro aqui o meu agradecimento a todos, escolhendo como seus representantes os que institucionalmente estiveram mais próximos nessa trajetória de estudo.
Professores:
Dr. Xxxxxx Xxxxxxxx
Dra. Xxxxxx Drxxxxx
Prfa. Xxxxxxxx Xxxxxx
Funcionários:
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
18
SUMÁRIO - O sumário é uma listagem dos títulos dos elementos posteriores a ele, que compõem a sistematização. Nessa lista os títulos devem constar segundo a seqüência em que se encontram no trabalho, indicando os números de página onde começam. As subordinações entre os vários segmentos são evidenciadas pela formatação e disposição dos indicadores. Havendo mais de um volume, em cada um deve constar o sumário completo do trabalho.
FIGURA 7 – SUMÁRIO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 02
2 CONTEXTO GLOBAL 03
2. 1 A Questão Mundial 18
2. 2 A Questão Brasileira 35
2. 2 1 Agravantes Econômicos 45
3 TEORIAS CLÁSSICAS 50
4 TEORIAS INOVADORAS 61
5 PESQUISA EMPÍRICA 70
6 METODOLOGIA 71
7 RESULTADOS 74
8 CONCLUSÕES 91
REFERÊNCIAS 96
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
19
LISTA DE FIGURAS - Se contiver no trabalho mais de duas figuras, estas
devem ser numeradas no interior do mesmo e listadas neste espaço, na ordem em que aparecem no texto. Para cada uma deve constar o seu número, legenda e página onde se encontra.
LISTA DE QUADROS - Aqui se usa o mesmo critério para a lista de figuras.
ABREVIATURAS - Aqui se ordena todas as abreviaturas ou siglas, alfabeticamente, seguida de seus respectivos significados.
RESUMO - O resumo é uma síntese dos pontos mais importantes do texto. Sua linguagem deve ser clara, concisa e direta. Deve-se ressaltar o objetivo do trabalho, o resultado e as suas conclusões, sem esquecer o método e a técnica empregados na sua elaboração. O resumo é composto em, no máximo, uma página contendo no mínimo 10 linhas7. O texto deve ser contínuo, sem parágrafos. Aconselha-se, para melhor elaborar um resumo, transformar o sumário em um texto, pois assim todos os aspectos importantes do trabalho serão contemplados, mas não haverá excessos. O resumo o é verdadeiramente quando se pensa em um re-sumo (um sumo do sumo); em uma re-essência (a essência duas vezes concentrada). A escrita do resumo deve ser objetiva e expressar densamente a totalidade do trabalho.
7 RODRIGUES, 2006 diz: “O resumo é redigido em único parágrafo, não ultrapassando 500 palavras; logo a seguir, o autor deve relacionar as palavras representativas do conteúdo do trabalho, ou seja, as palavras-chave. Essas, conforme a NBR 6022/2003, da ABNT, as palavras-chave devem ser colocadas logo após o resumo, antecedidas da expressão ‘Palavras-chave’. Elas devem ser separadas entre si por ponto e finalizadas também por ponto.”
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
20
FIGURA 8 – RESUMO8
8 DIEZ e HORN, 2004.
RESUMO
Este trabalho de instrumentalização da pesquisa acadêmica tece considerações teórico-metodológicas sobre a pesquisa e identifica a relação pesquisa-ensino na produção do conhecimento. Indicando o caminho para a construção do texto monográfico, arrola e define os tipos mais utilizados de pesquisa. Visando fornecer orientações técnicas para elaboração do trabalho monográfico, trata da revisão de literatura, da escolha do tema de pesquisa e sugere modalidades de leitura e registro. Para viabilizar o encaminhamento do projeto, esclarece as categorias que o compõem: Tema, Problematização, Objetivos, Justificativa, Revisão de leitura, Metodologia, Cronograma e Referências. Com relação à monografia, especifica sua estrutura distinguindo os elementos obrigatórios dos opcionais e aloca estes elementos em três grandes blocos: pré-textual, textual e pós-textual. Finalmente, busca clarificar as normas técnicas para apresentação, referenciação e apresentações gráficas.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
21
INTRODUÇÃO - A introdução somente deve ser redigida após o corpo do texto e as conclusões, porque aí já se incorporou todo o conteúdo do trabalho para se fazer uma síntese do que consta nele. Elementos constantes da introdução: objeto do estudo, objetivo, a questão (ou questões) que gerou a pesquisa, relevância do trabalho, principais autores que o embasaram, como foi elaborada a sistematização e a descrição sucinta de cada capítulo.
CORPO DO TEXTO (ou desenvolvimento) - Esta parte é a mais extensa da monografia e é composta de:
a) reorganização da revisão de literatura;
b) análise da mesma;
c) reflexões sobre a prática pedagógica, respaldada nos autores estudados;
d) relato de pesquisa empírica – quando esta foi realizada.
O corpo do texto deve ser organizado em: partes – subdividas em capítulos – ou apenas em capítulos. Os capítulos podem ser segmentados. Todos os segmentos devem ser numerados em seqüência hierárquica, a ponto de explicitar as pertinências – sistema chamado de numeração progressiva. Essa numeração é feita com a série natural dos números inteiros, a partir de um (1) pela ordem de sua colocação no respectivo capítulo. Vale lembrar que, tanto o número excessivo, quanto o número insuficiente de capítulos, deve ser evitado no texto, pois a disparidade de quantidade entre os mesmos pode demonstrar desorganização, ou falha de pesquisa, etc. Torna-se interessante que haja um capítulo (último capítulo) de análise crítica, com a visão do pesquisador sobre os autores lidos e / ou a reflexão sobre as práticas pedagógicas vivenciadas em relação aos conteúdos estudados.
CONCLUSÕES (OU CONSIDERAÇÕES FINAIS)9 - Seus fundamentos: resultados e discussão; Inferências: em relação aos conteúdos abordados em correspondência com os objetivos propostos, referindo-se, então, à introdução e ao início do trabalho. (...) Ao se fazer esta parte da monografia, um certo fechamento do texto, não se deve ter – nem mostrar – qualquer pretensão de verdade. É mais produtiva a humildade acadêmica que reconhece ter alcançado apenas mais um ‘horizonte em fuga’, rejubilando-se pela travessia efetuada e, principalmente, pelas novas perspectivas fugidias cujo vislumbre incita a continuidade da investigação para o stricto sensu.(DIEZ e HORN).
BLOCO PÓS-TEXTUAL - São as partes que vêm após o texto.
ANEXOS E APÊNDICES – Os anexos fazem parte do texto, mas vêm em anexo para evitar descontinuidade na seqüência lógica das idéias; são suportes elucidativos e
9 RODRIGUES, 2006, denomina esta parte apenas de ‘conclusão’; e diz: “A conclusão deve ser breve e apresentar a síntese dos resultados. Não deve conter qualquer elemento novo não discutido na parte do desenvolvimento. Atualmente, porém, têm-se solicitado sugestões, ao autor, para a solução da problemática, principalmente quando a pesquisa refere-se a fenômenos sociais”.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
22
ilustrativos para a compreensão do texto. Os apêndices são também suportes elucidativos e ilustrativos, mas não são essenciais à compreensão do texto. Ao citá-los no texto deve-se fazê-lo entre parênteses. (...) o apêndice corresponde a documentos complementares, pertencentes ao autor do trabalho, que servem de fundamentação, comprovação ou mesmo ilustram o trabalho , como fotografias, folders, instrumentos de entrevistas, desenhos, figuras, quadros, tabelas, mapas, etc. e são identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. O anexo corresponde a documentos complementares, pertencentes a terceiros, que servem de fundamentação, comprovação ou mesmo ilustram o trabalho, como fotografias, folders, figuras, gráficos, quadro, mapas, etc. e são também identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. Quando esgotadas as 23 letras do alfabeto, utilizam-se letras maiúsculas dobradas. (RODRIGUES, 2006).
GLOSSÁRIO - Listagem das palavras (encontradas no texto) pouco conhecidas, de sentido obscuro, de uso muito restrito, acompanhadas de definição.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - As referências bibliográficas são uma listagem, em ordem alfabética rigorosa, dos documentos e das obras pesquisados: sobrenome do autor, nome, título da obra, edição, local, editora data.
LIVROS – ‘Com mais de um autor’ – separa-se os autores por ponto e vírgula. ‘Traduzido’ – depois do subtítulo, coloca-se a abreviatura de traduzido (Trad.) e em seguida o nome do autor que o traduziu.
REVISTAS - Sobrenome do autor, nome, título do artigo, nome da revista, cidade, edição ou número, data, página.
JORNAIS - Sobrenome do autor, nome, título do artigo, nome do jornal, cidade, data, ano página.
MONOGRAFIAS, DISSERTAÇÕES E TESES - Sobrenome do autor, nome, título da Monografia (dissertação ou tese), curso, instituição, local, ano.
DOCUMENTOS OFICIAIS, PUBLICAÇÕES EM ENTIDADES COLETIVAS E ÓRGÃOS PÚBLICOS - País (ou Estado, ou Município), órgão, repartição, título do documento, local da publicação, editora, ano.
INTERNET - Sobrenome do autor, nome, título, endereço da página, data.
APOSTILAS - Sobrenome do autor, nome, título, local, data, local da apresentação.
NORMAS TÉCNICAS PARA APRESENTAÇÃO - A seguir, algumas orientações gerais – ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas):
CITAÇÕES E REFERÊNCIAS - Referenciar o texto mostra a probidade do autor e a adequação do trabalho às exigências da graduação, especialização e pós-graduação. A probidade significa não plagiar; atribuir as elaborações aos autores que as criaram. O texto, quanto mais referenciado, mais importância adquire. Vale lembrar que todos os autores referenciados no texto devem constar de uma lista de referências. As citações
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
23
podem ser curtas (menos de cinco linhas) e longas (mais de cinco linhas); diretas ou indiretas; de fonte escrita ou oral; e ainda, citação de citação. A citação direta é a transcrição textual dos conceitos do autor consultado. A citação indireta é aquela feita de modo não literal. Citação de citação, corresponde a uma citação, direta ou indireta, de um texto a que não se teve acesso ao original, mas do qual se obteve conhecimento por meio de citação em outro trabalho. A citação direta de até três linhas, pode ser inserida no próprio parágrafo, entre aspas. Se o texto que está sendo transcrito já contém aspas, estas deverão ser transformadas em aspas simples. Quando a citação direta for com mais de três linhas, deve ser colocada em parágrafo separado, com tamanho de letra menor que as letras utilizadas no texto, espaço simples de entrelinhas a 4 cm da margem esquerda do texto e pratica-se dois espaços entre os parágrafos anterior e posterior. Quando a citação for de fonte oral (palestras, debates, comunicações, etc.), deve-se indicar entre parênteses a expressão “informação verbal”, mencionando-se os dados disponíveis, somente em notas de rodapé (NBR 10520/2002).
NOTAS DE RODAPÉ - Espaço utilizado para notas explicativas do texto – notas de conteúdos, que são colocadas no rodapé, para que a escrita principal do texto torne-se mais objetiva.
APRESENTAÇÃO GRÁFICA:
CAPA - Capa dura deve ter o conteúdo impresso em letras douradas. O tipo de letra é o ARIAL e o tamanho máximo da fonte é 16. A lombada da encadernação deverá conter a sigla da instituição e o título (seguido de reticências se for mais extenso que a lombada) da monografia.
PAPEL - Deve ser branco, de formato A4 (21,0cm x 29,7cm).
MARGENS E ESPAÇAMENTO (entrelinhas):
Superior 3,0cm;
Inferior 2,0cm10
Esquerda 3,0cm;
Direita 2,0cm.
Todo o texto deve ser digitado com espaço duplo (ou 1,5), exceto as citações com ,mais de três linhas, as notas de rodapé, as referências, as legendas das ilustrações e tabelas que deverão ser digitadas com espaço simples. As referências, ao final do trabalho, deverão ser separadas por espaço duplo.
ESCRITA - Recomenda-se a expressão impessoal, como por exemplo: “... pesquisou-se a temática...” ou “ a temática foi pesquisada...”. “Infere-se”; “apresenta-se o relato”; etc. Deve-se utilizar para a escrita somente um lado da folha. As fontes usadas, conforme as NORMAS, são:Times, ou Arial, tamanho 12.
ASPAS - Utilizadas apenas para citações com menos de cinco linhas. Usar ‘aspas simples’ ou negrito em palavras que se quer enfatizar.
10 Alguns autores divergem nessas medidas; por exemplo, DIEZ e HORN sugerem 2,7cm para a margem inferior. Em casos de dúvidas, a instituição e/ou o professor orientador. decidem.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
24
NEGRITO - Destaca títulos e subtítulos mais importantes; dá ênfase a palavras ou expressões.
ITÁLICO - Deverá ser usado exclusivamente para palavras e expressões de outras línguas.
PAGINAÇÃO - Todas as páginas do trabalho, a partir da folha de rosto devem ser numeradas, a numeração, porém, só deverá ser colocada a partir da primeira folha da parte textual. Os números devem ser colocados no canto superior direito da página.
ILUSTRAÇÕES - Ilustrações são: gráficos, figuras, mapas, fotos, fluxogramas, fórmulas, quadros, tabelas. Quanto à tabela, é obrigatória a indicação de sua fonte, quando não for elaborada pelo autor. E deve ser aberta nas laterais. Quando ela ocupar mais de uma página não deverá ser delimitada na parte inferior repetindo-se o cabeçalho na página seguinte. Qualquer ilustração apresentada deve ter menção ao seu conteúdo.
RECURSOS DO LATIM E ABREVIATURAS - Exemplos:
Apud (junto a, em) ou in (em) – indica citação de um autor encontrada em texto de outro autor;
cf. – confer, compare, confira;
sic – significa “assim” , usa-se entre parênteses para ironizar ou mostrar discordância a vocábulos ou frases de uso comum ou de autores;
ibid. – ibidem, da mesma obra;
id. (Idem) – o mesmo autor, referido anteriormente
passim – aqui e ali, em diversas passagens da obra.
inf. ou infra – baixo;
supra - acima;
loc. cit. ou loco citado – no lugar citado;
op. cit. ou opere citado – na obra citada;
seq. ou sequentia – seguinte ou que segue;
s. l. ou sine loco – sem referência de local;
s. n. ou sine nomine – sem referência de nome;
s. d. ou sine data – sem referência de data;
s. p. ou sine pagina – sem paginação ou sem referência de página.
Essas palavras ou expressões devem ser sempre escritas em itálico – por extenso no texto, abreviadamente para referenciar, entre parênteses ou colchetes.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
25
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Rubem. O Que é Científico?. Psychiatry On-line Brazil (4) janeiro 1999 – http://www.polbr.med.br/arquivo/arquivo 99.htm
CERVO, A L; BERVIAN, P A Metodologia Científica. São Paulo : MecGraw-Hill, 1974.
DESCARTES, René. Discurso do Método, Regras Para a Direção do Espírito. Coleção a Obra Prima de Cada Autor. São Paulo. Martim Claret: 2005.
DIEZ, Carmem Lúcia Fornari; HORN, Geraldo Balduino. Orientações para Elaboração de Projetos e Monografias. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2.004.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo – SP: Editora Atlas S. A, 1991.
HORN, G.B. et al. Diretrizes para produção de trabalhos monográficos. Curitiba: FIES, 2.001.
ISKANDAR, Jamil Ibrahim. Normas da ABNT Comentadas para Trabalhos Científicos. 2ª ed. (ano 2003). Curitiba: Juruá, 2006. 96 p.
MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2.002
QUEIROZ, Tânia Dias. Dicionário Prático de Pedagogia. São Paulo: Rideel, 2.003.
RODRIGUES, Metodologia Científica – completo e essencial para a vida universitária. São Paulo: Avercamp, 2.006.
SOARES, Evaldo. Metodologia do Trabalho Científico: lógica, epistemologia e normas. São Paulo: Atlas, 2.003.
SANTOS, Maria Marinho dos; SOUSA, Marlene Aparecida de; Machado, Rosa Helena Blanco; e ALMEIDA, Rosiléia Oliveira de. O Texto Científico: diretrizes para elaboração e apresentação. Salvador-Bahia: Quarteto, 2.001.
WANDERLEY, Luis Eduardo W. O que é universidade. São Paulo: Brasiliense, 1999.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
26
GLOSSÁRIO
Análise – a análise é a decomposição de um todo em suas partes, isto é, a fragmentação de um objeto em seus elementos constituintes. O objeto deve ser divido no menor número possível de partes, para que seja mais bem compreendido. É um processo metódico de tratamento do objeto em estudo que decompõe o todo em partes (Galliano, 1979. Apud Rodrigues, 2.006).
Anais – história de um povo contada ano por ano. Publicação periódica anual. Publicação referente aos atos e estudos de congressos científicos, literários ou de arte.
Axioma – princípio evidente que não precisa ser demonstrado.
Ciência – scientia (latim) – significa saber, conhecimento. A ciência é um saber constituído por um conjunto de aquisições intelectuais, cuja finalidade é propor uma explicação racional e objetiva da realidade (Japiassu e Marcondes). (...) a ciência consiste em um tipo de conhecimento racional, sistemático, objetivo, obtido metodicamente e capaz de ser submetido a verificação (RODRIGUES, 2.006).
Ceticismo – estado daquele que duvida de tudo. Doutrina filosófica na qual a verdade é algo inatingível, pois mesmo que ela existisse o ser humano seria incapaz de reconhecê-la. Por esse motivo, aqueles que defendem essa doutrina cultivam sempre a dúvida (QUEIROZ, 2.003). Concepção segundo a qual o conhecimento do real é impossível à razão humana (CORDI; SANTOS; BÓRIO; CORREA; VOLP; LAPORT; ARAÚJO; SCHLESENER; RIBEIRO; FLORIANI; JUSTINO, 2.000).
Compilação – reunião de textos (dados) sobre o mesmo assunto.
Conhecimento – saber que se adquire pela leitura e meditação; instrução, erudição, sabedoria; conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio; soma de conhecimentos práticos que servem a um determinado fim; a soma dos conhecimentos humanos considerados em conjunto; processo pelo qual o homem se relaciona com a natureza, visando à dominação dela em seu próprio benefício (Aurélio, 1986: 324).
Conhecimento científico – o conhecimento científico é um tipo de conhecimento racional, sistemático, metódico e objetivo que busca a veracidade dos fatos ou fenômenos, para além das aparências; diferente conhecimento filosófico, do conhecimento teológico e do conhecimento vulgar, o conhecimento científico constrói proposições ou hipóteses que podem ser testadas por experimentação. O conhecimento científico é aquele que é produzido pela investigação científica, por meio de seus métodos e de suas técnicas. Surge da necessidade de encontrar soluções para problemas propostos e do desejo de fornecer explicações que possam ser testadas e criticadas. A ciência busca o confronto da teoria com os dados empíricos.
Epistemologia – teoria ou ciência da origem, natureza e limites do conhecimento.
Fenomenologia – o termo foi provavelmente criado no século XVIII pelo filósofo J. H. Lambert (1728-1777), para designar o estudo descritivo do fenômeno tal qual ele se apresenta a nossa experiência. O método fenomenológico é o estudo dos fenômenos, em si mesmos, apreendendo sua essência, estrutura de sua significação.
Fonte primária – documentos que ainda não receberam tratamento analítico: fotografias, testamentos, manuscritos, atas parlamentares, registros de nascimento, gravações, leis, diários, registros de automóveis, etc.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
27
Fonte secundária – material já publicado: livros, revistas e artigos científicos.
Hipótese – suposição que se faz de alguma coisa possível ou não, e da qual se tiram as conseqüências a verificar; proposição ou conjunto de proposições que constituem o ponto de partida de uma demonstração, ou então uma explicação provisória de um fenômeno, devendo ser provada pela experimentação (Japiassu, 1986: 250).
Lei – relação necessária estabelecida entre dois acontecimentos. Lei científica – aquela que estabelece entre os fatos relações mensuráveis, universais e necessárias, autorizando a previsão (Japiassu, 1986: 252).
Lato sensu – Sentido lato, geral.
Método – o método estabelece o que fazer. Método vem de: meta (ao longo de), e hodós (via, caminho). É o percurso que se segue na investigação da verdade, a fim de se alcançar um fim determinado. Na ciência, o método consiste na estrutura racional que permite a formulação e verificação das hipóteses. O cientista busca compreender a realidade de maneira racional, por meio de métodos rigorosos que permitam alcançar um tipo de conhecimento sistemático, preciso e com a maior objetividade possível. Ao descobrir as relações universais e necessárias entre os fenômenos, ou seja, as leis naturais, pode prever acontecimentos e, conseqüentemente, também desenvolver a tecnologia (Aranha e Martins, 2.001). Pode-se definir método como caminho para se chegar a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento (GIL, 1991). Um conjunto de procedimentos que o cientista utiliza na busca do saber. É um instrumento de trabalho da pesquisa científica. É um elemento, um instrumental, um arcabouço estrutural sobre o qual repousa qualquer conhecimento científico (RODRIGUES, 2.006).
Multimeios – Suportes de informação diferentes de livros, tais como: fitas cassetes, slides, filmes cinematográficos, gravações de vídeos, materiais iconográficos (gravuras e fotografias), materiais cartográficos, gravações de som, música impressa.
Neopositivismo – Movimento doutrinário do “Círculo de Viena”, fundado por Moritz Schlick, filósofo alemão (1882-1936), que se caracteriza pelo cientificismo, por ser expressamente antimetafísico, e que associa a tradição empirista ao formalismo lógico matemático. É também chamado positivismo lógico.
Paráfrase – citação curta e citação longa (DIEZ e HORN). Citação livre e indireta: é a reprodução de algumas idéias, sem que haja transcrição literal das palavras do autor consultado. Explicação ou tradução mais desenvolvida de um texto por meio de palavras diferentes das nele empregadas.
Senso comum – conhecimento vulgar ou popular.
Sui generis – expressão latina que significa: do seu gênero, peculiar, singular.Designa coisa ou qualidade que não apresenta analogia com nenhuma outra.
Sui júris – expressão latina que significa: do seu direito. Diz-se da pessoa livre, capaz de determinar-se, sem depender de outrem.
Stricto sensu – No sentido restrito.
Parricídio – homicídio praticado contra seu próprio pai:genocídio.
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
28
Premissa (lógica) – cada uma das duas proposições, a maior e a menor de um silogismo, das quais se infere a conclusão. Premissa maior: a que contém o termo maior, isto é, o predicado da conclusão. Premissa menor: a que contém o termo menor, isto é, o sujeito da conclusão.
Resumo – resumir consiste em sistematizar as principais idéias de um texto de modo claro e conciso. Antes de resumir um texto, porém, é importante que o aluno o sublinhe e esquematize. Os principais tipos de resumo são:
Resumo indicativo ou descritivo (deve apresentar as principais idéias do texto, por meio de frases curtas, obedecendo aos seguintes procedimentos: redação do resumo com impessoalidade; apresentação em parágrafo único; contém referência – cabeçalho – e conteúdo do resumo).
Resumo informativo ou analítico (apresenta as idéias principais do texto; expõe a problemática do assunto, a idéia central, os objetivos, os procedimentos metodológicos, os argumentos, as demonstrações e a conclusão; é mais abrangente do que o indicativo, mas não permite opiniões e comentários do autor; e obedece aos seguintes procedimentos: redação do resumo com impessoalidade, apresentação em parágrafo único, e contém: cabeçalho, conteúdo do resumo e palavras-chave).
Resumo crítico (deve apresentar as mesmas informações do resumo informativo, permite opiniões e comentários do autor do resumo - sendo necessária a crítica sobre o texto estudado – e obedece aos seguintes procedimentos: redação do resumo com impessoalidade, cabeçalho e conteúdo do resumo, apresentação em parágrafo único).
Resenha (segue as mesmas informações do resumo crítico, todavia, deve-se colocar na introdução da resenha, a biografia ou as credenciais do autor. É um resumo crítico mais amplo, que comporta, na elaboração dos comentários, a utilização de opiniões de diversas autoridades científicas em relação à obra do autor estudado, e obedece aos seguintes procedimentos: redação da resenha com impessoalidade, não apresentar em parágrafo único, e contém cabeçalho e conteúdo do resumo). Na apresentação do resumo deve-se usar: papel branco A4 (21cm x 29,7); margens: 3cm – esquerda e superior, e 2cm direita e inferior; a digitação deve ser em preto, em tamanho 12, nas fontes: Times New Roman ou Arial; espaçamento simples no cabeçalho; 2 espaços duplos entre o cabeçalho e o conteúdo; espaço duplo no conteúdo; e 2 espaços duplos entre o conteúdo e as palavras-chave. Deve ainda conter uma capa com as seguintes indicações: nome da universidade, nome do departamento ou centro (se houver), nome do curso, nome da disciplina, tipo de trabalho, título, subtítulo (se houver), indicativo do aluno ou orientando, nome completo do aluno, indicativo do professor ou orientador com titulação, nome completo do professor, local e data.
Silogismo (Lógica) – argumento que consiste em três proposições: a primeira, chamada premissa maior; a segunda chamada premissa menor; e a terceira, chamada conclusão. Admitida a coerência das premissas, a conclusão se infere da maior por intermédio da menor. Ex: Todos os homens são mortais (premissa maior), eu sou um homem (premissa menor), logo, eu sou mortal (conclusão).
Técnica – a técnica é o como fazer; procedimento que operacionaliza o método; a forma de aplicação do método.
Teoria – conjunto de concepções sistematicamente organizadas; síntese geral que se propõe explicar um conjunto de fatos cujos subconjuntos foram explicados pelas leis (Severino, 1992: 126).
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO – Professora Ms. Maria José
Brandão Ramos
29
FICHA DE AVALIAÇÃO
ESTRUTURA DO TRABALHO (2 PONTOS)
REDAÇÃO
(4 pontos)
CITAÇÕES
(2 pontos)
REFERÊNCIAS
(2 pontos)
ALUNO(A):-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PROFESSOR(A):----------------------------------------------------------------------------------------------------
MÉDIA:------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBSERVAÇÃO:------------------------------------------------------------------------------------------------------
LOCAL E DATA:-----------------------------------------------------------------------------------------------------

terça-feira, 14 de abril de 2015

sábado, 11 de abril de 2015


INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
Professora Maria José Brandão Ramos (Mestra e doutoranda em Ciências da Educação; pedagoga, especialista em Supervisão escolar, graduada em Filosofia)
“O HOMEM: quem é ele afinal? Afinal, quem é o homem dentro da natureza? Nada em relação ao infinito; tudo em relação ao nada; um pouco intermediário entre tudo e nada. Infelizmente incapaz de compreender os extremos, tanto o fim das coisas como o seu princípio permanecem ocultos num segredo impenetrável, e é-lhe igualmente impossível ver o nada de onde saiu e o infinito que o envolve” (PASCAL).
“O que a Filosofia nos ensina é o risco de tomar por certo aquilo que devemos prestar atenção cuidadosa, bem como a possibilidade de descobrir, sob o prosaico, comum e rotineiro, um universo de extraordinária riqueza e variedade, diante do qual podemos somente nos maravilhar”
(Matthew Lipman – A Filosofia Vai a Escola)
Iniciar-se na Filosofia é abrir a alma para o mundo interior de nosso juízo, de nossa vontade e de nossas fantasias. Um mundo nem sempre fácil de se entender, porque é ambíguo, contraditório, imprevisível..., mas sempre fascinante. E, depois, com a alma aberta, olhar para o exterior e ver o que antes, por limites de olhares estreitos, não podia ser visto ou compreendido.
Entender as relações do homem consigo mesmo, com seus desejos, sonhos e emoções, as relações do homem com seus semelhantes e com o seu ambiente faz parte de um crescimento necessário, e a filosofia tem, sem dúvida alguma, um papel importante nesse despertar da consciência de um ser humano integral.
Na maior parte das vezes, mais do que dar respostas, o iniciar-se na filosofia o levará a questionar os caminhos nem sempre serenos de sua alma. Mas o mais importante não serão as respostas obtidas, e sim o ato de abrir-se para uma constante indagação. (SOUZA, 1995, p. 245)
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
1 FILOSOFAR? Do mito à razão
1.1 Conceitos de Filosofar
O verbo filosofar pode ser usado com três significados distintos:
 Como simples sinônimo de “pensar” – às vezes doenças ou morte de pessoas próximas, decepções, perdas irreparáveis e outros problemas existenciais nos fazem pensar (filosofar) sobre o sentido de nossa vida. Mas esse significado é por demais vago e amplo para caracterizar o verdadeiro sentido do filosofar.
 Como sinônimo de “saber viver” virtuosamente. Aqui, filosofar é viver com sabedoria. O sábio é aquele que se torna um exemplo vivo das virtudes apreciadas em uma sociedade e é tomado como ponto de referência para fortalecer o valor das tradições vigentes. É nesse sentido que as sabedorias orientais são também chamadas filosofias.
AURORA DA FILOSOFIA
NADA SURGE DO NADA
Um dia o homem levantou-se e começou a indagar: O que é isto? Quem sou eu? E você, quem é? Que mundo é este que nos rodeia? De onde ele veio? Como surgiu? Um dia ele surgiu. Num determinado momento da existência ele surgiu: nasceu a existência do ser. Em algum lugar, nalgum dia, surgiu a vida. Alguma coisa, algum dia deve ter surgido do nada. De onde tudo começou? Há de um dia tudo ter tido um começo... Tudo que existe teria tido um começo, sim. Nada existe sem um dia ter começado. Portanto, o universo, em algum momento, deve ter surgido de alguma outra coisa. Essa outra coisa também teria surgido de uma outra coisa. Seria isso possível? Ou seria possível que o mundo tivesse sempre existido? Ou teria ele sido criado por Deus, num determinado momento, num “piscar de olhos”? E Deus, quem O teria criado? Teria Ele se criado por si próprio? O certo é que tudo que existe teve um começo. E o fim? Há vida depois da morte?
Como podemos responder as estas indagações? E como devemos viver? Essas são perguntas que existiram em todas as épocas, em todos os tempos. Desde que o homem é homem ele se pergunta, ele se questiona. Todas as culturas fizeram e fazem estas indagações. A história da humanidade nos mostra diferentes respostas. De acordo com a época, durante toda a cronologia da história, as respostas vão surgindo conforme as civilizações. Difícil? Sim. Muito difícil. É mais fácil fazer perguntas filosóficas do que respondê-las. Só os filósofos têm ousadia para se aventurarem rumo aos limites da linguagem e da existência.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
 Como “o filosofar propriamente dito”, que teve início na Grécia, em torno dos séculos VI e V a. C. Por essa época, começou-se a repensar a natureza, o ser humano e as divindades com um olhar crítico. Procurava-se saber a validade dos próprios conhecimentos. Até que ponto a cultura era fruto de fantasias e crenças dos antepassados? O que garantia que as tradições recebidas dos anciãos eram verdadeiras? A Filosofia, portanto, questiona os fundamentos da cultura.
1.2 Mito x Filosofia
A civilização grega desenvolveu-se na península Balcânica, a mais oriental do sul da Europa, rodeada de inúmeras ilhas. Seu relevo montanhoso facilitou a formação de grupos humanos isolados e autônomos, como de fato foram as cidades (as polis). A pouca fertilidade do solo acidentado foi compensada pela presença de ótimos portos naturais. Assim, os gregos puderam desenvolver, com segurança, a navegação, que possibilitou o crescimento do comércio e, consequentemente, a riqueza crescente das Cidades-Estados. O aumento populacional levou à procura de terras férteis e à criação de muitas colônias nas regiões mediterrâneas. A fiscalização e a proteção dessas colônias eram tarefas da frota grega. Nos séculos VI e V a. C., as polis conheceram o apogeu econômico, político e cultural.
Foi exatamente nesse período glorioso que surgiu na cultura grega o confronto entre MITO e Filosofia. Tanto o mito quanto a filosofia são formas que o homem utiliza para explicar o mundo. São explicações que visam a responder aos questionamentos sobre o sentido da vida, o surgimento do universo e do homem, assim como justificar as normas que garantem a vida em comunidade. Ao buscar essas explicações, seja pela linguagem do mito, seja pela linguagem filosófica, o homem está tentando estabelecer a estrutura de sua cultura.
1.3 Autoridade do Mito
O mito é uma história religiosa revelada com autoridade supostamente indiscutível. O passado é descrito como as tradições que não admitem nenhuma
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
crítica: “É assim, porque foi dito que é assim”. O texto a seguir nos fala um pouco sobre isso.
“O mito conta uma história sagrada, quer dizer, um acontecimento primordial que teve lugar no começo do tempo. Mas contar uma história sagrada equivale a revelar um mistério, porque os personagens do mito não são seres humanos: são deuses ou heróis civilizadores, e por essa razão as suas ações memoráveis constituem mistérios: o homem não poderia conhecê-los se lhos não revelassem. O mito é, pois, a história do que se passou naquele tempo; a narração daquilo que os deuses ou os seres divinos fizeram no começo do tempo. ‘Dizer’ é proclamar o que se passou desde a origem. Uma vez ‘dito’, quer dizer, revelado, o mito torna-se verdade apodítica: funda a verdade absoluta. ‘É assim porque foi dito que é assim’, declara a tribo de esquimós, a fim de justificar a validade da sua história sagrada e de suas tradições religiosas”. (MIRCEIA ELIADE).
Durante um longo período da história grega, a mitologia constituiu a fonte exclusiva de explicação para a existência do homem e da organização do mundo. As interpretações imaginárias criadas por ela foram adquirindo autoridade pelo fato de serem antigas. As divindades constituíam as personagens que, pelas divergências, intrigas, amizades e desejo de justiça, explicavam tanto a natureza humana como os resultados das guerras e os valores culturais. Nesse sentido, a linguagem do mito esconde interesses de classes e pode ser manipulada por aqueles que detêm o poder. Ela impõe comportamentos morais à comunidade e uma hierarquia de punições para aqueles que não os seguem.
Em virtude do desenvolvimento e dos contatos culturais com outros povos, decorrentes do comércio e da navegação, os gregos cultos sentiram necessidade de encontrar uma linguagem mais universal e rigorosa para justificar o universo e as próprias instituições. O mito parecia-lhes, cada vez mais, uma forma de expressão regional, particular, uma cristalização de interesses locais. Em sínese, o mito já não satisfazia às necessidades culturais da época. Surge, então, a linguagem filosófica, trazendo novos conceitos culturais, baseados na razão, que irão tentar substituir as criações míticas.
A tensão estava estabelecida. De um lado, os conservadores queriam manter o sistema explicativo do mito, muito mais popular e eficaz para preservar os seus privilégios. De outro, os filósofos, desejosos de mudança, rejeitavam as explicações míticas e eram favoráveis às reivindicações dos membros das classes
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
emergentes (os artesãos e os comerciantes), democratizando assim o sistema político. A tensão entre mito e filosofia começa, mas não termina na Grécia Antiga. Ela perpassa a história ocidental e continua de alguma forma, até hoje.
2 CONCEITO DE NATUREZA
Os primeiros filósofos gregos criaram um novo conceito de natureza. A natureza é o conjunto de tudo o que existe. A existência das coisas faz com que elas sejam cognoscíveis. A natureza como um todo também é cognoscível por si mesma. Não precisamos de intermediários para contemplar a sua existência. Ela se manifesta com uma evidência incontestável. É fonte de conhecimento irrefutável. Qualquer pessoa que se disponha a isso pode conhecê-la e interpretá-la.
Filosofar é, basicamente, admitir a realidade tal qual ela existe; é saber contemplá-la sem projetar nela temores míticos e crenças fantasiosas. Em fim, filosofar é ver o relâmpago como fenômeno natural e não como vingança ou ameaça divina; é saber ver o mar simplesmente como mar, a montanha como montanha, as estrelas como estrelas, a seca como seca, os fatos sociais e políticos como resultados das relações humanas.
Durante o período mítico, a natureza era vista pelas lentes das crenças. Com a Filosofia a natureza é despida de interpretações culturais, podendo manifestar-se com autonomia e por suas próprias leis. O filósofo deixa a natureza falar por si mesma. Por isso, a filosofia não é privilégio de uma casta que interpreta a revelação dos deuses; não depende de livros sagrados; não é uma doutrina oculta; dispensa ritos de iniciação ou penitências rigorosas. Essa nova maneira de lidar com a realidade foi o início da filosofia, que até hoje procura libertar o homem das crenças e temores desumanizantes.
3 O ASSOMBRO
E a Filosofia, de onde teria vindo? Como ela teria nascido? O assombro!!! O homem começou a se assombrar com as coisas ao seu redor: com os fenômenos da natureza; com os movimentos da lua, do sol e dos outros astros. Aristóteles afirma que os “homens começaram e começam a filosofar pelo assombro”. Diz que primeiro os “homens se assombraram pelas coisas estranhas que tinham mais à
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
mão, e a seguir, ao avançarem pouco a pouco, pelas coisas mais graves como os movimentos da lua, do sol e dos outros astros, e, ainda, pela geração de todas as coisas”. Dessa forma, podemos dizer que temos como raiz mais concreta da Filosofia, o assombro.
No momento em que o homem começa a estranhar as coisas, fazendo assombradamente perguntas a respeito dessas coisas próximas; ao indagar: Que é isto? Neste momento nasce a Filosofia. Começa aí a história do pensamento. Precisar, porém, esse momento, é difícil. (...) Poder-se-ia considerar, talvez, os mitos e as lendas que nos chegaram como primeiras tentativas de explicação do mundo e de seus fenômenos (ABRÃO, 1999, p. 9). Mas, isso não seria o ideal. Gaarder, afirma [...] que uma forma completamente nova de pensar teria surgido na Grécia por volta de 600 a. C. Antes disso, todas as perguntas dos homens haviam sido respondidas pelas diferentes religiões. Essas explicações religiosas tinham sido passadas de geração para geração através dos mitos (GAARDER, 1995, p. 34 e 35).
4 O QUE É FILOSOFIA?
A palavra filosofia é atribuída a Pitágoras de Samos, composta dos dois elementos: filo (que significa amizade) e Sofia (que significa sabedoria), formadores de philosophia que significa amizade pela sabedoria, amor ao saber. Pitágoras teria dito que a sabedoria plena é privilégio dos deuses, cabendo ao homem apenas desejá-la, amá-la, ser seu amante ou seu amigo: filósofo. Platão, em Eutidemo (apud Abbagnano), define filosofia como o uso do saber em proveito do homem. Para Descartes, a palavra filosofia significa “o estudo da sabedoria, e por sabedoria, não se entende somente a prudência nas coisas, mas um perfeito conhecimento de todas as coisas que o homem pode conhecer, tanto para a conduta de sua vida quanto para a conservação de sua saúde e a invenção de todas as artes”.
Hobbes também se preocupa com o bem-estar do homem ao definir filosofia afirmando que, “por um lado, é o conhecimento causal e, por outro, a utilização desse conhecimento em benefício do homem”. Assim como Kant, em A Crítica da Razão Pura, que define o conceito cósmico da filosofia (o conceito que interessa necessariamente a todos os homens) como o de “ciência da relação do conhecimento à finalidade essencial da razão humana”. Também não é muito diferente da definição de Dewey, ao definir a filosofia como “a crítica dos valores”,
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
referindo-se à crítica das crenças, dos costumes, das políticas no que concerne ao alcance sobre os bens. Esses exemplos são apenas para a percepção de que tudo (em definindo filosofia) remete à fórmula de Platão ao definir filosofia como “o uso do saber em proveito do homem”.
A respeito do uso do saber, ao qual o homem, de algum modo, tem acesso, ABBAGNANO coloca duas alternativas fundamentais que estabelecem distinção entre dois tipos diferentes e opostos de filosofia:
 A primeira estabelece a origem divina do saber, a qual traz para o homem, o saber, como uma revelação ou um dom.
 A segunda alternativa estabelece a origem humana do saber, onde ele é uma conquista ou uma produção do homem.
A primeira alternativa é a mais antiga e a mais frequente no mundo; a segunda surgiu na Grécia e foi herdada pela civilização ocidental. Ao longo da história, desde o seu surgimento até hoje, têm sido dadas duas interpretações para a filosofia:
 Uma é que a filosofia é contemplativa e constitui uma forma de vida que é fim em si mesma. Nesta, a filosofia exaure-se em quem filosofa.
 A outra interpretação é a de que a filosofia é ativa e constitui o instrumento de modificação ou de correção do mundo natural ou humano. Nesta interpretação a filosofia transcende o indivíduo e diz respeito às relações com a natureza e com os homens, portanto, com a vida humana social.
A filosofia como contemplação tem como objetivo, a salvação do homem; como atividade diretiva ou transformadora, a filosofia já está presente na lenda dos “Sete Sábios”, que foi citada pela primeira vez por Platão, conforme Abbagnano.
5 A FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA
5.1 Os Filósofos da Natureza
5.1.1Tales de Mileto - Atuou na primeira metade do século VI, na colônia grega de Mileto na Ásia Menor. Matemático, astrônomo e filósofo grego. Celebrizou-se por seus teoremas, suas observações astronômicas e confecção de um calendário, por suas indicações meteorológicas e por sua cosmologia. Segundo ele, “tudo é água”, estabelecendo a água como o princípio e a origem do universo. Assim ele achava,
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
pelo fato de ser úmido o alimento e o sêmen dos animais e das plantas. Foi um homem que viajou muito. Sua origem talvez seja remotamente fenícia. Foi-lhe atribuída a introdução da geometria egípcia na Grécia. Dizem que certa vez no Egito, ele calculou a altura de uma pirâmide medindo a sombra da pirâmide no exato momento em que sua própria sombra tinha a mesma medida de sua altura. Predisse um eclipse total do sol ocorrido em 28 de maio de 585 antes de Cristo.
Tales foi, portanto, uma grande figura da época. Achava que [...] a terra flutua sobre as águas e que, por outro lado, o mundo estaria cheio de espíritos ou almas e de muitos demônios; ou, como diz Aristóteles, “tudo está cheio de deuses” (MARÍAS, 1973, p. 35). A isto se deu o nome de hilozoismo (animação ou vivificação da matéria). Mas, o que é mais importante nisso é o fato de Tales, pela primeira vez na história da humanidade, considerar a totalidade de tudo o que existe não para perguntar sobre a origem mítica do mundo, e sim para indagar o que é, na verdade, a natureza. Há um abismo entre a teogonia1 e Tales: o mesmo abismo que separa a filosofia de toda a mentalidade anterior. Tales executava atividades de engenharia, astronomia, finanças e política; por isso foi incluído no grupo dos chamados “Sete Sábios da Grécia”2. Por que teria Tales escolhido a água (ou o úmido) como princípio (phýsis)?
Chauí, baseando-se nos autores que expuseram as opiniões de Tales, afirma que a escolha foi feita porque [...] a água apresenta-se sob as mais variadas formas e em todos os estado em que vemos os corpos da natureza: líquido, sólido e gasoso. [...] O fenômeno da evaporação faz pensar que a água é a causa do céu e do que nele existe; o fenômeno da chuva, que a água é a causa da terra e do que nela existe. A água está diretamente vinculada à vida: as sementes, o sêmen animal e humano, são úmidos.
[...] Tales viajou pela Egito e certamente se assombrou com as cheias do Nilo: a terra seca e desértica, antes da cheia, tornava-se fértil, verdejante, cheia de flores e frutos depois dela. (CHAUÍ, 2.002, p.56). A autora afirma ainda que Tales ao
1 Geração dos deuses e do mundo: cosmologia mítica.
2 Grupo dos ‘sete sábios da Grécia’: Cleóbolo de Líndos (viveu por volta de 600 a. C.); Pítago de Lesbos (viveu por volta de 600 a.C.); Sólon de Atenas (viveu por volta de 594/593 a.C); Quílon de Esparta (560 a.C); Periandro de Corinto (viveu entre 627 e 584 a.C); Tales de Mileto (viveu aproximadamente de 625 a 545 a.C); Bias de Priena (viveu no século VI a.C.). (Filosofia Ciência e Vida. Ano II, nº 14; p. 64-68).
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
observar tudo isso, teria concluído que a “água é a causa das plantas”. Explica também que Tales teria sido levado a considerar que no início tudo era água e que a vida animal fora causada pela água, por saber da existência de fósseis de animais marinhos descobertos nas montanhas e em grandes altitudes. E mais, não seria estranho que Tales tivesse dado uma explicação racional para o que a mitologia grega falava do rio oceano que circundava toda a terra e que teria engendrado o nosso mundo.
A água ou o úmido, por ser o início de tudo é também o começo do devir, da mudança, do movimento. Ela tem movimento próprio: é automotora. A água transforma-se a si mesma em todas as coisas e transforma todas as coisas nela mesma. [...] Tales, como os demais membros da escola de Mileto, seria hilozoísta, explicando sua afirmação, segundo Aristóteles: “a água é a alma motora do kósmos” (Ibid.). Para Tales a água é o “deus inteligente” que faz todas as coisas e é a matéria e a alma de todas elas. Por isso a ele é atribuída a afirmação: “Todas as coisas estão cheias de deuses”.
Diante de tudo que vimos sobre Tales de Mileto, não nos interessa agora se ele estava cientificamente certo ou errado, mas devemos nos interessar pela maneira como ele raciocinava para fazer tais afirmações, pois é essa maneira que é propriamente filosófica. [...] Foi esse modo novo de raciocinar que o fez concluir que a água era a phýsis (princípio), isto é, ele deduziu e inferiu de fatos visíveis uma conclusão obtida apenas pelo pensamento ou pela razão (Ibid.).
5.1.2 Anaximandro - Viveu num período aproximado entre 611 a 549 a. C. Filósofo e astrônomo grego. Filho de Praxíades, também viveu em Mileto. Foi sucessor de Tales na direção da Escola de Mileto. Seu pensamento? Nem água, nem algum dos elementos, mas alguma substância diferente, limitada, e dela nascem os céus e os mundos neles contidos. Acreditava não ser possível eleger uma única substância material como o princípio primordial de todos os seres (arché). Para ele esse princípio é algo que transcende os limites do observável. Afirmava que a terra tem a forma de um disco e que a essência do universo era um conjunto indeterminado contendo em si os contrários: todo nascimento era separação e toda morte era reunião desses contrários. À pergunta: Qual o princípio de todas as coisas?, responde: é o apeíron (que significa infinito, não no sentido matemático, mas no
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
sentido de ilimitação ou de indeterminação). É conveniente que a entendamos como sinônimo de grandioso, ilimitado na sua magnificência, que provoca o assombro. É a maravilhosa totalidade do mundo, na qual o homem se encontra com surpresa.
O apeíron está em constante movimento e desse movimento resulta uma série de pares opostos como água e fogo, frio e calor, que constituem o mundo. Assim, o apeíron é algo abstrato que não está diretamente em nenhum elemento palpável da natureza. Com essa maneira de conceber as coisas, Anaximandro segue a mesma linha de Tales, mas dando um passo a mais rumo à independência do “princípio” em relação às coisas particulares.
5.1.3 Anaxímenes de Mileto - É o último filósofo importante de Mileto. Viveu em meados do século VI a. C. Filho de Euristrato; é o meio-termo entre Tales e Anaximandro. Admite ser indeterminada a origem de todas as coisas, mas se recusa a atribuir-lhe o caráter oculto de elemento situado fora dos limites da observação e da experiência sensível. Tentando uma possível reconciliação entre as concepções de Tales e Anaximandro, conclui ser o arkhé3 que comanda o mundo, o ar (ou o sopro do ar) um elemento não tão abstrato como o apeíron nem palpável demais como a água. Ele diz que tudo provém do ar, através de seus movimentos; o ar é a própria vida, a força vital, a divindade que “anima” o mundo, aquilo que dá testemunho à respiração; [...] o fogo é o ar rarefeito; a água, a terra, a pedra são formas cada vez mais condensadas de ar. Tudo o que existe, mesmo apresentando qualidades diferentes, reduz-se a variações quantitativas (mais raro, mais denso) desse único elemento (Abrão – Os Pensadores, 1999, p.27). [...] E assim como nossa alma que é ar nos mantém unidos, da mesma maneira o vento envolve todo o mundo (Anaxímenes. Apud Cotrim, 2.000, p.79).
Talvez Anaxímenes acreditasse que a terra, o ar, o fogo e a água tivessem necessariamente que estar presentes para que a vida pudesse surgir. Mas, o ponto de partida propriamente dito era o ar. Ele compartilhava, portanto, da opinião de Tales, segundo a qual uma substância básica subjazia a todas as transformações da natureza.
Marías acrescenta que Anaxímenes tem uma importância maior, porque ele [...] não apenas designa uma substância primordial, mas explica como se
3 Arkhé – termo grego que significa: O que está a frente e, por isso é o princípio de tudo.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
produzem todas as coisas a partir dela: o ar rarefeito é fogo; mais condensado, nuvens, água, terra, rochas, segundo o grau de densidade. À substância primeira, suporte da variedade instável das coisas, junta-se um princípio de movimento. É neste momento que o domínio persa, na Jônia, vai empurrar a filosofia para o Ocidente (MARÍAS, 1973, p.37).
5.1.4 Pitágoras - Seguindo Anaxímenes vêm os pitagóricos, da Escola Pitagórica (que constituem o primeiro núcleo filosófico importante, depois da Escola Jônica), começando por Pitágoras (o culto da matemática). Para ele todas as coisas são números.
Quanto a sua vida alguns autores divergem (ou não deixam clara sua posição): COTRIM (2.000, p.80) diz que viveu aproximadamente entre 570 e 490 a C. Portanto, aproximadamente 80 anos; MARÍAS (1973, p.37) afirma que Pitágoras representa pouco mais que um nome, que pouco se sabe dele e, do pouco que se sabe, nada é seguro; CHAUÍ (2.002, p.67) relata que se sabe que Pitágoras nasceu em Samos, rival comercial de Mileto e que, conforme Diógenes de Laércio, seu ponto alto situa-se entre 540 e 537 a C.; Apolodoro (apud CHAUÍ) situa esse momento entre 532 e 531 a C. Ainda conforme Chauí, em mais ou menos 540 a C., com contínua invasão dos persas à Ásia Menor, Pitágoras deixou a Jônia e estabeleceu-se em Crotona – Magna Grécia – onde fundou sua escola filosófica, com tendência também religiosa e política, antes em Crotona e depois em Metaponto, aí falecendo em 497 a C., provavelmente. Sua doutrina era mantida em segredo pelos iniciados, que tinha como objetivo oferecer aos seus membros uma satisfação interior que a religião externa oficial, não lhes dava. Seu deus era Apolo Delfo (o espírito racional). Sua ordem foi politicamente ativa chegando a ter o poder em Crotona, mas este foi tomado pelo aristocrata Quílon, obrigando-o a abandonar Crotona; foi quando ele se dirigiu a Metaponto. Os autores afirmam que Pitágoras não deixou (ou não se conhece) escritos e que os escritos pitagóricos apareceram já nos séculos V e IV a C., mas que mesmo tardios servem de orientação para que se tenha alguma ideia do ensinamento do mestre.
Em seu pensamento, Pitágoras afirmou a transmigração das almas e a reencarnação. Considerava que a verdade chega aos homens por inspiração divina. Buscou a phýsis (princípio) e afirmou que esta é o número (arithmós). (...) Teria dito
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
que há uma música universal e que não a ouvimos porque nascemos e vivemos em seu interior e não possuímos o contraste do silêncio que nos permitiria ouvi-la, ao recomeçar (CHAUÍ, 2.002, p.69). Afirmava também que a natureza numérica da phýsis (princípio) está presente em todas as coisas e na alma (psykhé).
Aristóteles afirma que os pitagóricos dedicaram-se às matemáticas fazendo-as avançar; tanto que acreditavam que o princípio das matemáticas é o princípio de todas as coisas. (...) E como os números, são por natureza os princípios primeiros, (...) mais do que o fogo, a terra e a água, afirmaram a identidade de determinada propriedade numérica com a justiça, outra com a alma e o intelecto, e, assim todas as coisas estariam em relações semelhantes (Aristóteles, Metafísica, 1,5. Apud CHAUÍ, 2.002, p. 72). Aristóteles ainda explica que os pitagóricos supuseram que os elementos do número são os elementos de todas as coisas e que todo o universo é harmonia e número.
Para explicar a multiplicidade e o vir-a-ser, o pitagorismo recorre à luta dos opostos, pares e ímpares. Essa antítese4 é reconduzida à unidade pela harmonia matemática, que governa o mundo todo, material e moral.
A Escola Pitagórica contribuiu como vimos, nos campos da matemática (lembremo-nos do célebre Teorema de Pitágoras), da música e da astronomia; além de crenças místicas relativas à imortalidade da alma, à reencarnação dos pecados e à prescrição de rígidas condutas morais.
5.1.5 Xenófanes - Era de Colofonte, na Ásia Menor. Não se sabe ao certo (como em outros filósofos da antiguidade) a data exata do seu nascimento e da sua morte; sabe-se apenas que viveu pelo menos noventa e dois anos, e que era posterior a Pitágoras e anterior a Heráclito. Por ai pode-se concluir que viveu na segunda metade do século VI e na primeira metade do século V. a. C. É sabido que percorria a Hélade5 recitando poesias que, em geral, eram suas. Sua obra estava escrita em verso, que são elegias de caráter poético e moral em que, às vezes, se misturam esboços de doutrinas cosmológicas. Em Xenófanes o que foi considerado mais importante é, por um lado, a crítica que ele fez à religião popular grega, e, por outro
4 A antítese é o momento em que qualquer parte da realidade-pensamento excluída pelo momento anterior, é também afirmada.
5 Antigo nome da região hoje conhecida como Grécia.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
lado, um certo panteísmo6, precursor da doutrina da unidade do ser na Escola Eleática.
Xenófanes era orgulhoso de sua sabedoria que perecia ser superior à sua força ou à destreza física. Não aceitava a admiração prestada aos vencedores nos jogos, nas corridas, etc., porque achava que os deuses de Homero e Hesíodo eram imorais e absurdos, pois a única lição que deles se retirava era a de roubos, adultérios e mentiras. Ao mesmo tempo ele rebate o antropomorfismo dos deuses, dizendo que, [...] assim como os etíopes os concebe de nariz achatado e negros, os leões e os bois, se pudessem concebê-los, fá-los-iam com a figura de leão ou de boi (MARÍAS, 1973, p. 41). Por isso Xenófanes prega um único Deus. Eis aí os quatro fragmentos das suas sátiras referentes a este assunto:
“Um só Deus, o maior entre os deuses e os homens, não semelhante aos homens, nem pela forma, nem pelo pensamento. _ Vê tudo, pensa tudo, ouve tudo. _ Mesmo sem trabalhar, governa tudo pela força do seu espírito. _ Habita sempre no mesmo lugar, sem se mover, nem lhe convém deslocar-se dum lado para o outro”. (Diels, frag. 23-26. Apud MARÍAS, 1973, p.41).
Estes fragmentos significam: Há unidade divina fortemente evidenciada; e este deus é uno e imóvel, e enche todo o universo.
5.1.6 Heráclito de Éfeso (Da Jônia) - Viveu entre o VI e o V século antes de Cristo. Diz-se que era da família real de Éfeso e fora chamado a governar a cidade, mas renunciou para se dedicar à filosofia. Pode-se resumir a sua doutrina nos seguintes princípios:
 A essência da realidade é o vir-a-ser, o fogo, pois tudo muda, tudo está sujeito a um fluxo eterno;
 O vir-a-ser é luta, revezar-se de vida e de morte;
 Este vir-a-ser e esta oposição são reconduzidos à estabilidade e à unidade pela harmonia, pela sabedoria universais que determinam o acordo entre as oposições.
6 O termo panteísmo foi utilizado pela primeira vez por J. Toland (Socianimism Truly Stated, 1705); o primeiro a empregar o termo panteísmo foi seu adversário Fay (1709). É a doutrina segundo a qual Deus é a natureza do mundo identificando a causalidade divina com a causalidade natural. Uma das formas de panteísmo humanista é a chamada “teologia em Deus”.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
 “Tudo flui, nada persiste, nem permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir-a-ser” (Heráclito).
Conforme Chauí, filósofos posteriores e historiadores da filosofia referem-se a Heráclito como o mais extraordinário dos pré-socráticos. Os próprios gregos o cognominaram de: Heráclito, “o Obscuro”; Heráclito, “o fazedor de enigmas”. Heráclito está entre os jônios, porém escreve após Pitágoras e deixa supor que seria contemporâneo de Parmênides (seu sucessor). Dizia que “não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois suas águas se renovam a cada instante. Não tocamos duas vezes o mesmo ser, pois este modifica continuamente sua condição”. Heráclito imaginava assim a realidade dinâmica do mundo sob a forma de fogo, com chamas vivas e eternas, governando o constante movimento dos seres.
As diversas cosmologias que vimos até aqui despertaram na época uma nova questão: Por que tanta divergência? Por que tantas opiniões contrárias? Heráclito de Éfeso falava da luta dos contrários; para os pensadores da cidade de Eléia, os contrários jamais poderiam coexistir. Foi a partir daí que se iniciaram a lógica (estudos sobre o conhecer) e a ontologia (estudos sobre o ser) e suas relações recíprocas.
5.1.7 Parmênides - Filho de Pirus, é também da Escola Eleática. Nasceu em Eléia, na Magna Grécia, litoral oeste da Península Itálica, e viveu aproximadamente entre 515 a 440 a. C. Filósofo grego, fundador da Metafísica com sua distinção entre “o ser e o não-ser”. Seu slogan era: “O ente é; pois é ser e nada não é” (Parmênides). Tornou-se célebre por ter feito oposição a Heráclito. Platão o chamava de Grande Parmênides. Defendia a existência de dois caminhos para a compreensão da realidade: o da filosofia, da razão, da essência; e o da crendice, da opinião pessoal, da aparência enganosa (que ele considerava a “via de Heráclito”). É tido como o filósofo mais importante entre os pré-socráticos. Significa, na história da filosofia, um momento de grande importância: a aparição da metafísica. A filosofia adquire, com Parmênides, a sua verdadeira hierarquia e constitui-se de forma rigorosa. A especulação grega até então, havia sido cosmológica, física, com um propósito e um método filosófico; mas é com Parmênides que se chega a descoberta do tema próprio da filosofia e do método segundo o qual se deve abordar. Com ele a filosofia chega a ser metafísica e ontologia. Ai o tema não é mais simplesmente “as coisas” e sim as coisas “enquanto são” (as coisas como entes).
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
A grande descoberta de Parmênides é o ente. Começa com ele a filosofia sensu stricto7, e o pensamento metafísico até aos nossos dias conserva a marca que lhe imprimiu a mente de Parmênides. É provável que não tenha havido relações pessoais entre ele e Xenófanes, apesar de haver influências indubitáveis. Provavelmente tenha sido também influenciado pelo pitagorismo. Platão dedicou-lhe um diálogo, cujo título é “Parmênides”; [...] talvez o mais importante de todos os diálogos platônicos (MARÍAS, 1973, p. 42). Outro filósofo que lhe dedicou muita atenção foi Aristóteles.
Marilena Chauí diz que [...] Enquanto os milésios8 e Heráclito escreveram em prosa, Parmênides foi o primeiro filósofo a expor suas ideias em verso (CHAUÍ, 2.002, p. 88). Seu famoso poema, do qual restam alguns fragmentos, está escrito em hexâmetros (influência provável de Xenófanes) e é conhecido pelo título “Sobre a Natureza”, que compreende uma introdução de uma grande força poética e duas partes, uma sobre “a via da verdade” e a outra sobre a “via da opinião”. Conserva-se mais da primeira parte do que da segunda. Marías indica os momentos mais importantes do poema, onde escreve: [...] Num carro, arrastado por fogosos cavalos, marcha o poeta pelo caminho da deusa. Guiam-no as Filhas do Sol, que apartam os véus de seus rostos e deixam a morada da noite, guardada pela justiça. A deusa saúda Parmênides e diz-lhe que é preciso que aprenda a conhecer todas as coisas, “tanto o coração inquebrantável da verdade bem definida, como as opiniões dos mortais, que não se revestem de verdadeira certeza”. Diz-lhe, ainda, que só uma via pode ser tomada em consideração. Com isto termina a introdução. Há uma clara alusão à paisagem da consciência mítica à teorética9: As Filhas do Sol tiraram-no da obscuridade. A metáfora dos véus significa a verdade, compreendida na Grécia como um desvelar ou descobrir.
Na primeira parte do poema a deusa fala de duas vias; mas estas não são as duas que se mencionaram: a da verdade e a da opinião. Esta última será, em rigor, a terceira. As duas primeiras são duas vias possíveis sob o ponto de vista da
7 A filosofia no sentido restrito.
8 Os milésios foram os primeiros filósofos que filosofaram a partir de fatos não ligados a divindades ou a criaturas sobrenaturais
9 À contemplação (filosoficamente falando).
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
verdade, das coisas enquanto são: a do que é e que é impossível que não seja (via da persuasão e da verdade) e a do que não é. Esta última via é impraticável, pois o que não é não se pode conhecer nem exprimir. E aqui se encontra a estreita vinculação do noûs e do ón do ente e da mente ou espírito da verdade. Segue-se, depois, o que poderíamos chamar a ontologia10 de Parmênides, isto é, a explicação dos atributos do ente que ele acaba de descobrir, mas isto requer uma explicação sistematizada.
A segunda parte do poema abandona a via da verdade para entrar na da opinião dos mortais. Os fragmentos dela são muito escassos. Constituem a interpretação do movimento, da variação, não do ponto de vista do noûs, nem portanto do ente, mas do da sensação e das coisas. A isto se juntam algumas indicações cosmológicas (MARÍAS, 1973,p. 42).
Segundo Parmênides o ente tem cinco principais predicados (esses predicados são descobertos pela primeira via, a via da verdade), são eles:
1º - O ón é presente – as coisas são, enquanto são, estão presentes no pensamento, no noûs. O ente não foi nem será senão o que é. As coisas podem está longe ou perto dos sentidos, presentes ou ausentes, mas como entes são imediatas ao noûs.
2º - Todas as coisas são entes, isto é, são. Permanecem envoltas pelo ser, permanecem reunidas, unas.
3º - Além disso este ente é imóvel.
4º - O ente é um pleno, sem vazios, é contínuo e indivisível.
5º - Por idêntica razão é indestrutível e incriado. O contrário suporia um não-ser, o que é impossível.
5.1.8 Zenão de Eléia - O que se move sempre está no mesmo agora (Zenão) - Era o discípulo mais importante de Parmênides – continuador direto da sua escola. Filho
10 Reconhecimento do ser mais elevado e perfeito, do qual provém todos os outros seres e coisas do mundo.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
de Teleutágoras, nasceu em Eléia. [...] Sua akmé11 reside na 79ª Olimpíada, portanto entre 464 e 460 a. C. (CHAUÍ, 2.002, p. 95). Elaborou argumentos para defender a doutrina de seu mestre. Com eles pretendia demonstrar que a própria noção de movimento era inviável e contraditória.
Cotrim afirma que Zenão viveu entre 488 e 430 a C. Chauí diz ter nascido, aproximadamente, em 489 a. C. Marías afirma parecer ser uns quarenta anos mais jovem que Parmênides, e que a sua descoberta mais interessante é o seu método, a dialética12. Este modo de argumentar [...] consiste em partir duma tese aceita pelo adversário ou admitida vulgarmente, e mostrar que as suas consequências se contradizem entre si [...] que é impossível, segundo o princípio da contradição, implicitamente utilizado por Parmênides (MARÍAS, 1973, p. 45).
5.1.9 Empédocles - É de Agrimento, cidade de origem dórica, na Sicília; filho do aristocrata Metão. Viveu entre 492 e 432 a.C. Desfrutava de posição de destaque. Uns consideravam-no como um semi-deus, outros como um charlatão. Vagueava por toda a Sicília e pelo Peloponeso13, ensinando e fazendo curas. Era venerado por muitos. A tradição conta que, para ter um fim digno de sua divindade, ele se atirou pela cratera do Etna. Contudo, é mais provável que tenha falecido no Peloponeso.
Empédocles foi uma figura extraordinariamente viva e interessante. Além de fazer curas também era político, poeta, dramaturgo, homem de ciências, místico e inventor da eloquência. Foi expulso de Agrimento. Foi à Olímpia para ler seu poema religioso aos helenos.
(...) Empédocles sofreu a influência da religiosidade órfica (de Orfeu) e parece ter sido discípulo dos pitagóricos, assim como ter seguido, durante certo tempo, as ideias de Parmênides e Zenão, com quem teria convivido (Ibid.). Também escreveu versos, tendo sido o último filósofo a escrever em forma de verso, restando
11 Refere-se ao momento em que algo ou alguém chegou ao seu ponto mais alto de força e potência; indica o instante em que alguma coisa ou alguém encontrou seu momento oportuno para agir, para falar, para fazer alguma coisa.
12 Esse termo, que deriva de diálogo, não foi empregado, na história da filosofia, com significado unívoco, que possa ser determinado e esclarecido uma vez por todas; recebeu significados diferentes, com diversas inter-relações, não sendo redutíveis uns aos outros ou a um significado comum. Todavia, é possível distinguir quatro significados fundamentais: 1º - Dialética como método da divisão; 2º - Dialética como lógica do provável; 3º - Dialética como lógica; 4º - Dialética como síntese dos opostos. Esses quatro conceitos têm origem nas quatro doutrinas que mais influenciaram a história desse tempo, mais precisamente a doutrina platônica, a aristotélica, a estóica e a hegeliana.
13 Península da Grécia meridional (Moderna Enciclopédia de Pesquisa e Informações).
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
dele o maior número de fragmentos deixados pelos pré-socráticos. Dos seus poemas são conhecidos fragmentos de dois: “Sobre a Natureza” (de cosmologia) e “Purificações” (religioso) que foram imitados por Lucrécio. Aristóteles (segundo Diógenes de Laércio, apud CHAUÍ) o teria considerado o fundador da retórica - da arte de persuadir por meio das paixões e emoções do ouvinte – (mas, Abbagnano – Dicionário de Filosofia – diz que a retórica foi a grande invenção dos sofistas, e Górgias de Leontini foi um de seus fundadores (século V a.C.)).
Dentro da cosmologia, os pontos mais importantes de Empédocles são: há dois sóis, um autêntico que é o fogo, e outro refletido, que é o que vemos. Assim se havia descoberto que a luz da lua é refletida, e o homem, como sempre, ampliava a sua descoberta. Pensou que a noite se produz pela interposição da terra entre o sol e a lua. Descobriu o verdadeiro sentido dos eclipses; as estrelas fixas e os planetas em movimento. A luz seria algo que vai de um lado a outro com grande rapidez.
Na biologia, Empédocles via que os seres são mortais, mas os seus princípios são eternos. A primeira coisa que surgiu na natureza foram as árvores. Chegou a suspeitar (vagamente) de que as plantas tinham sexo. Afirmava ser o calor principalmente masculino. Para ele os seres vivos produziram-se pela agregação de membros soltos, ao acaso, sobrevivendo os que estavam corretamente organizados. Cria na transmigração das almas e dizia a seu respeito: (...) Fui em tempos idos rapaz e rapariga, um arbusto e uma árvore, e um peixe mudo no mar (Empédocles). Ele tem também uma interessante teoria da percepção: “Há uma determinada adequação entre a sensação e o tamanho dos poros; por isso, para os diferentes sentidos os órgãos variam. As coisas são conhecidas por aquilo a que se assemelham: o fogo, se em mim se encontra o fogo, o mesmo acontece com a água e as coisas restantes”.
Mas, a questão central de Empédocles é o problema do ser das coisas. Aí, ele resolve o problema trazendo quatro elementos que, para ele são as raízes de todas as coisas. São elas: ar, fogo, água e terra. Estes elementos são opostos. Há neles as oposições do seco e do úmido; do frio e do quente.
Empédocles, apoiado em Parmênides, afirma que estas raízes são eternas. Mas, há uma diferença: é que o ente de Parmênides era uma esfera
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
homogênea e não podia mudar. Em Empédocles também o ente é uma esfera, mas não homogênea: é uma mistura; todos os corpos compõem-se da agregação de substâncias elementares.
Empédocles, para explicar como a partir das quatro raízes se engendram e morrem todas as coisas, introduz mais dois princípios: amor e ódio. O ódio separa os elementos distintos, e o amor tende a juntá-los. Disto resulta já um movimento. Em certo sentido, o ódio é que junta, porque a união estabelece-se quando os elementos permanecem livres, unidos entre si os semelhantes. O amor autêntico é a tração do dessemelhante. Existem no movimento do mundo quatro períodos: 1º - a esfera misturada; 2º - o ódio que dá início à separação; 3º - o domínio do neîkos14, quando o ódio já tudo separou; 4º - regressa a philía15 (o amor) e começam as coisas a unir-se de novo.
Assim o ciclo se repete; e então se formam coisas que se unem de maneiras bastante diferentes – leões com cabeças de burro etc – das quais só sobrevivem e perduram as que têm um lógos16, uma ratio (ou uma razão), uma estrutura interna que lhes permitam continuar sendo. Mas, com isto, afirma Marías, [...] ainda não se explica o movimento sob o ponto de vista do ser. A ontologia do movimento, a física como filosofia, continua sendo impossível (MARÍAS,1973).
Vejamos agora alguns fragmentos de Empédocles (citação de CHAUÍ):
“Não há nascimento para nenhuma das coisas mortais, como não há fim na morte funesta, mas somente composição e separação, mistura e dissociação dos elementos”.
14 Termo grego que significa: ódio, discórdia, disputa, querela, discordância, luta, combate, injúria.
15 Termo grego que significa: amizade, viva afeição, amor (sem idéia de sensualidade), sentimento de reciprocidade entre os iguais. O verbo philéo significa: sentir amizade por alguém, amar com amizade, tratar como amigo, ajudar, auxiliar, amar de coração, dar sinais de amizade, acolher com prazer; procurar, buscar, perseguir para encontrar; agradar-se com, ter agrado em; estar quite com, relacionar-se de igual para igual.
16 Termo grego – esta palavra sintetiza vários significados que, em português, estão separados, mas unidos em grego. Vem do verbo lego (no infinitivo: légein) que significa: 1º - reunir, colher, contar, enumerar, calcular; 2º - narrar, pronunciar, proferir, falar, dizer, declarar, anunciar, nomear claramente, discutir; 3º - pensar, refletir; ordenar; 4º - querer dizer, significar, falar como orador, contar, escolher; 5º - ler em voz alta, recitar, fazer, dizer. Lógos é: palavra, o que se diz, sentença, máxima, exemplo, conversa, assunto da discussão; pensar, inteligência, razão, faculdade de raciocinar; fundamento, causa, princípio, moivo, razão de alguma coisa; argumento, exercício da razão, juízo ou julgamento, bom senso, explicação, narrativa, estudos; valor atribuído a alguma coisa, razão íntima de uma coisa, justificação, analogia. Lógos reúne numa só palavra quatro sentidos: linguagem, pensamento ou razão, norma ou regra, ser ou realidade íntima de alguma coisa.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
“A um dado momento, do Uno saiu o múltiplo; por divisão – fogo, água, terra e ar altaneiro; e o Uno se formou do múltiplo. Ódio, temível, de peso igual a cada um, e o amor entre eles” (Simplício, Comentário da Física de Aristóteles).
“E assim como quando um homem se propõe a sair numa noite tempestuosa se mune de uma lanterna de chama viva, protegendo-a contra os ventos uivantes, e a luz projeta-se para fora das membranas protetoras, passando por seus poros, por ser muito mais sutil e fina, assim também o fogo primitivo escondeu-se em membranas finas e tecidos, atrás das redondas meninas-dos-olhos, varadas de passagens maravilhosas. Afastam-se as águas profundas que as cercam e deixam passar o fogo, por ser mais fino e sutil” (Teofrasto, Da sensação).
“O coração, nutrido do mar de sangue que corre em direções opostas, onde reside principalmente o que os homens chamam de pensamento. Pois para os homens, o sangue lhes flui à volta do coração, é o pensamento” (Teofrasto, Da sensação).
5.1.10 Anaxágoras - Era de Clazômenas, na Ásia Menor. Filho de Egesíbulos. Segundo Apolodoro (apud CHAUÍ), sua data de nascimento situa-se entre 500 e 496 a.C., e a de sua morte entre 428 e 427 a.C., com a idade 72 anos. Nasceu de uma família aristocrática, mas renunciou aos títulos políticos e aos bens para dedicar-se à filosofia. Iniciou seus estudos com os discípulos de Anaxímenes. Segundo os testemunhos de Platão e Isócrates, foi o primeiro filósofo a fixar-se em Atenas, onde chegou como amigo de Péricles (que foi seu aluno).
Anaxágoras, em Atenas, apesar de ter exercido grande influência e, a partir dele Atenas ter se transformado na segunda cidade filosófica da Grécia, teve suas ideias consideradas perigosas para o Estado, tendo sido por isso submetido ao tribunal e condenado por impiedade: destino semelhante ao de Sócrates e ao de Aristóteles. Há relatos divergentes sobre sua condenação. Há autores (MARIAS, por exemplo) que dizem que ele teria sido acusado, não se sabe bem do quê; não se sabe também ao certo a que o condenaram. Marías diz que parece que Péricles o libertou. Os atenienses troçavam dele e chamavam-no de noûs17. Não pôde continuar em Atenas, indo para Lampsaca, onde o receberam muito bem.
17 Ou nóos (termo grego) – Faculdade pensar, inteligência, espírito, pensamento, intelecto, reflexão, intenção racional, maneira de ver pelo pensamento, sentido racional de um discurso.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
Depois da difusão da filosofia pelo Oriente e pelo Ocidente, pela Ásia Menor e pela Grécia, instala-se principalmente e de uma maneira tardia, na própria Grécia, onde se localiza o seu principal centro. A influência de Anaxágoras não foi extrínseca ao seu pensamento, mas vinculou-se estreitamente a sua filosofia.
Para Anaxágoras não há quatro elementos, mas um número infinito deles. “Há de tudo em todas as coisas”. Ele denomina de Homeomerias as partes homogêneas, partículas pequeníssimas de que são feitas as coisas: partes que compõem um corpo e que são semelhantes a esse corpo. Se considerarmos uma coisa qualquer e a dividirmos, nunca chegaremos (afirma Anaxágoras, apud Marías) às raízes de Empédocles, porque mesmo na parte mais pequena de cada coisa, há partes pequeníssimas de todas as demais. [...] Mesmo que em cada corpo existam partículas ou grãos de todos os outros corpos, em cada um predomina certa espécie de partículas, que dá nome ao corpo (Aristóteles, apud Abbagnano, 2.003).
Marías indaga: como é então que se explica a formação das diversas coisas? E responde: pela união e separação das homeomerias. É um passo a mais nesta divisão do ente de Parmênides, a que vamos assistindo: [...] O ente é, primeiramente, posto em relação com o fogo que se move e muda (Heráclito); depois se divide nas quatro raízes de Empédocles, para explicar o mundo e o movimento, partindo delas. Agora é Anaxágoras que o fragmenta nas homeomerias. E não será esta a última etapa. As propriedades do ente conservam-se, e o movimento explica-se pela união e pela separação. Quem constitui as coisas em sua variedade é uma imanente inteligência ordenadora, isto é, o noûs, que distingue, recolhe e ordena as homeomerias similares, tirando-as do caos primordial em que estavam todas.
O conhecimento, segundo Anaxágoras, tem certos limites porque as homeomerias não são acessíveis aos sentidos. A sua ideia da percepção é contrária à de Empédocles: as coisas conhecem-se pelos seus contrários. São as duas teses opostas que se contrapõem nesta época.
Eis aqui alguns fragmentos de Anaxágoras:
“Todas as coisas estavam juntas, ilimitadas em número e pequenez, pois o pequeno é ilimitado. E enquanto todas as coisas estavam juntas, nenhuma delas podia ser
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
reconhecida devida a sua pequeneza. O ar e o éter prevaleciam sobre as demais, ambos ilimitados, pois no conjunto de todas as coisas, estas (o ar e o éter) são as maiores tanto em quantidade quanto em grandeza” (Simplício, Comentário da Física de Aristóteles).
“Antes, contudo, de se separarem, quando todas as coisas ainda estavam juntas, nenhuma cor se podia distinguir, nem uma única. Pois a mistura de todas as coisas o impedia – a do úmido e do seco, do quente e do frio, do luminoso e do escuro, assim como também pela muita terra que nela se encontrava e pelas sementes em quantidade infinita, sem semelhança umas com as outras. Pois também nas outras coisas, nenhum é semelhante às outras. E se isto é assim, devemos supor que todas as coisas estão no Todo” (Simplício, Comentário da Física de Aristóteles).
5.1.11 Leucipo - É de Mileto. É fundador da Escola Atomista. Teve sua akmé por volta de 450 a. C. (APOLODORO, apud CHAUÍ). Suas preocupações são fundamentalmente cosmológicas. Suas obras? Há uma confusão: as obras de Leucipo foram compiladas juntas com as obras de Demócrito – um único corpo de doutrina reunido num conjunto de obras conhecido como da Escola de Abdera, no qual é difícil saber o que foi escrito por Leucipo e o que foi escrito por Demócrito. De acordo com Teofrasto, pode-se atribuir com segurança a Leucipo uma das obras denominada “Mégas Diákosmos” ou “Grande Ordenamento”; mas o restante das obras pode ser de um ou de outro, com exceção dos escritos éticos e técnicos, que são de Demócrito.
5.1.12 Demócrito (“O átomo como explicação da diversidade”) - Era natural de Abdera, na Trácia (460-370). É o maior expoente da Escola Atomista.
Divide o ser de Parmênides em uma infinidade de corpúsculos simples e homogêneos (os átomos), iguais pela qualidade e desiguais pela grandeza, forma, posição. Estes átomos estão no espaço vazio, onde se movem por causa do diverso tamanho e por causa da diversa gravidade dos átomos. Os átomos mais pesados caem, movem-se ab aeterno18 no espaço infinito mais rapidamente do que os menos pesados. Estes, portanto, entrando em choque com aqueles são arrastados em movimentos vorticosos. E, destarte originar-se-ia a variedade das coisas.
18 Expressão latina que significa: desde a eternidade; sempre.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
Conforme Cotrim, Demócrito distingue três fatores básicos para explicar as diferentes composições dos átomos.: 1 - Figura – A forma geométrica de cada átomo. Exemplo: forma de H ≠ forma de B. 2 – Ordem – A sequência espacial dos átomos da mesma figura. Exemplo: AB AB. 3 – Posição – A localização espacial dos átomos. Exemplo: B ≠ ω.
Para Demócrito é o acaso ou a necessidade que promove a aglomeração de certos átomos e a repulsão de outros. O acaso é o encadeamento imprevisível de causas. A necessidade é o encadeamento previsível e determinado entre causas. As infinitas possibilidades de aglomeração dos átomos explicam a infinita variedade de coisas existentes.
[...] A principal contribuição trazida pelo atomismo de Demócrito à história do pensamento é a concepção mecanicista, segundo a qual “tudo que existe no universo nasce do acaso ou da necessidade”. Isto é, “nada nasce do nada, nada retorna ao nada”. Tudo tem uma causa. E os átomos são a causa última do mundo (Cotrim, 2.000, p.85).
Com Leucipo e Demócrito encerra o período pré-socrático, também conhecido como período naturalista.
Vê-se, através da cronologia do pensamento grego, com os primeiros filósofos, os pré-socráticos, também chamados filósofos da natureza, por terem uma visão especulativa voltada para o mundo exterior (e aí vem o termo teorética), que nesse período denominado de pré-socrático (ou naturalista) o qual se desenvolveu do século VI a mais ou menos o século V a C., e que aconteceu fora da Grécia propriamente dita, nas florescentes colônias gregas da Ásia Menor (na jônia) e da Magna Grécia (na Itália do Sul), onde nasceu a civilização grega, predomina o problema cosmológico, buscando-se o arché ou seja, o princípio de todas as coisas, a origem do universo.
É importante também lembrar que em todo esse percurso, os pensadores, em sua incessante procura, divergiam (às vezes muito) em suas teorias cosmológicas. E, em meio a todas as divergências, o objetivo era saber de que as coisas se geravam e se acabavam, e/ou se formavam; como se engendravam e se feneciam.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
Dentro de um contexto mais propriamente histórico, observa-se que os gregos fundam colônias espalhadas pelo Mediterrâneo, provocando o surgimento de um comércio ativo e de uma indústria próspera, e a camada social envolvida nas atividades comerciais e industriais é responsável pela substituição da aristocracia pela democracia.
Surgiram ainda nesse período os primeiros legisladores gregos: Dracón, Sólon e Clístenes. E ainda aconteceu a fundação de Roma no século VI. E quais são as características da filosofia nesse período?
A filosofia desenvolve-se inicialmente nas colônias gregas da Jônia e do Sul da Itália peninsular e Sicília. Predomina nessa época o problema cosmológico, buscando-se o arkhé19. A physis20 torna-se o objeto de pesquisa e indagação. Os físicos da Jônia, também chamados de “fisiólogos”, são os primeiros filósofos gregos que tentam explicar a natureza material e o princípio do mundo e de todas as coisas por meio dos seguintes elementos: Água (Tales de Mileto); ar (Anaxímenes); apeíron (Anaximandro); devir ou vir-a-ser (Heráclito); homeomerias (Anaxágoras); átomo (Demócrito e Leucipo); número (Pitágoras); movimento (Zenão); fogo, terra, água, ar (Empédocles); ser (Parmênides); deus único (Xenófanes).
Os autores afirmam que os filósofos pré-socráticos, são assim chamados não pelo fato de terem vivido antes de Sócrates (470-399), mas por terem discutido temas que Sócrates praticamente desconsiderou ou até rejeitou. Sócrates, por exemplo, não deu importância à cosmologia; preocupou-se, em toda sua vida filosófica, com o homem, enquanto que os pré-socráticos preocupavam-se em mostrar um princípio único para o cosmos. Seu desejo era ver e seguir a phýsis (hoje diríamos, a natureza).
Ghiraldelli Jr. Afirma que historiadores da filosofia, inspirados em Heidegger, dividiram os pré-socráticos em: jônios e eleatas. O principal objetivo dos jônios seria a construção de uma cosmologia. Dos eleatas, seria fazer ontologia (parte da metafísica que estuda o ser em geral e suas propriedades transcendentais).
19 Esta palavra (grega) possui dois grandes significados principais: 1- o que está à frete e por isso é o princípio ou o começo de tudo; 2 – o que esta à frente e por isso tem o comando de todo o restante.
20 Natureza (palavra grega). O elemento primordial eterno, ou seja, a natureza eterna e em permanente transformação.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
Inicia-se então o período socrático, ou período sistemático (do clássico ao grego-romano), que tem como protagonistas os principais mestres da arte da argumentação: Protágoras, Górgias, Sócrates, Platão e Aristóteles.
6 CONHECIMENTO
6.1 Conceito
Os animais conhecem as coisas; já o homem, além de conhecer, investiga-lhes as causas. [...] o homem conhece e pensa; elabora o material de seus conhecimentos (RUIZ,1996, p. 90. Apud RODRIGUES, 2006). O conhecimento possui três elementos: o sujeito (o ser humano); o objeto (o mundo exterior ao sujeito); e o conceito (a representação e a explicação do objeto elaborado pelo homem).
6.2 Sujeito e Objeto do Conhecimento
Os seres vivos têm potencialidades que se desenvolvem segundo suas necessidades de sobrevivência. Assim, a planta colocada no canto da sala, em lugar de crescer em linha reta, para cima, cresce em ângulo inclinado, à procura da luz vinda da janela. Ela adapta-se à condição do maio. Por motivo semelhante, as minhocas não têm olhos, mas são dotadas de olfato e tato muito apurados, necessários no ambiente onde vivem. As aves em geral não precisam de tato e olfato no ambiente aéreo; possuem em compensação, uma visão muito aguda, com um mecanismo de filtragem de cores que lhes permite distinguir a uma longa distância um inseto na relva verde. O cego, por exemplo, tem o tato e a audição muito mais desenvolvidos que qualquer homem com a visão normal.
Em todos esses exemplos, percebe-se uma adaptação de organismos vivos às imposições do meio. Além das características comuns aos seres vivos, o homem possui a capacidade especial de pensar, o que lhe possibilita não apenas conviver com a realidade, como também conhecê-la. Conhecer a realidade significa compreendê-la e explicá-la. O conhecimento humano tem dois elementos básicos: um sujeito e um objeto. O sujeito é o homem, o ser racional que quer conhecer (sujeito cognoscente). O objeto é a realidade (as coisas, os fatos, os fenômenos) com que coexistimos. O homem só se torna sujeito do conhecimento, quando está diante do objeto a ser conhecido. A realidade só se torna objeto do conhecimento perante um sujeito que queira conhecê-la. O próprio homem pode ser objeto do conhecimento humano. (Texto de CORDI e outros, 2002, p.31).
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
6.3 Tipos de Conhecimento
Há quatro principais tipos de conhecimento: conhecimento vulgar ou popular (senso comum: subjetivo, assistemático, superficial, acrítico, falível, ametódico); conhecimento teológico (baseia-se no estudo de Deus: inspiracional, sistemático, não verificável, acrítico, infalível); conhecimento filosófico (é um constante indagar, cujas respostas se tornam objeto de novas indagações: crítico, racional, sistemático, não verificável, geral); conhecimento científico (produzido pela investigação científica, por meio de seus métodos e de suas técnicas).
6.4 Principais Teorias do Conhecimento
Ao longo da história, deram-se várias explicações para a construção do conhecimento a partir do encontro sujeito-objeto. Algumas privilegiaram a ação do sujeito sobre o objeto; outras, a ação do objeto sobre o sujeito, outras, ainda, a ação conjunto do sujeito e do objeto. Quase todos os filósofos reconhecem ao menos duas formas de conhecimento:
 Sensível, em que predomina a atividade dos sentidos e;
 Intelectivo, em que predomina a atividade do intelecto.
Resulta, então, que as três explicações anteriores devem ser multiplicadas por dois. Assim, podemos explicar o processo do conhecimento de seis maneiras diferentes, pelo menos. Apresenta-se a seguir um breve apanhado de como alguns filósofos, ao longo do tempo, explicaram esse processo. Na Antiguidade destacam-se as teorias de Platão e Aristóteles. Ambos descrevem o homem como um conjunto corpo-alma, no qual o corpo é o exterior, o sensível, e a alma é o interior, o não-sensível.
Segundo Platão (427-347ª. C.), para conhecer algo, para buscar a verdade, é preciso ir além das sensações imediatas. É necessário atingir a essência do objeto a ser conhecido, é mister conhecê-lo tal qual ele é. E isso só pode ser feito pela alma do homem, pelo seu interior. Para melhor fazer entender sua teoria, Platão cria “O Mito da Caverna”, em que imagina a existência de dois mundos: o mundo das ideias inundado pela luz do sol, e o mundo sensível, formado pelas sombras dos objetos reais, como que projetados nas paredes de uma caverna escura.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
O mundo das ideias é habitado pelos objetos reais, do qual o mundo sensível é mera aparência. O conhecimento sensível, produzido pelos sentidos, é dado pelos objetos que povoam o mundo material e que aparentam ser reais. Por isso, o conhecimento sensível é enganoso. Nele habitam os preconceitos, o senso comum, as tradições. O conhecimento intelectivo (verdades absolutas), produzido pela alma, é dado pelas essências puras, os objetos reais, habitantes do mundo das ideias.
Esses dois mundos criados por Platão simbolizam as maneiras como o homem pode adquirir o conhecimento: contentando-se em manter-se dentro da caverna observando as sombras refletidas nas paredes, isto é, aceitando o mundo sensível cuja verdade é aparente, ou saindo da caverna em busca da luz, dos objetos reais, da verdade.
Para Aristóteles (384-322 a. C.), os dados iniciais do conhecimento são originários dos objetos sensíveis. Estes são captados pela capacidade sensitiva da alma, exercida pelos cinco sentidos externos (visão, audição, olfato, tato e paladar) e pelos três sentidos internos (senso comum, memória e fantasia). A alma possui também capacidade intelectiva, exercida por meio da abstração, do juízo e da argumentação. É a capacidade abstrativa do intelecto que, a partir das características essenciais dos objetos sensíveis, constrói na alma os conceitos universais, que constituem a ciência, o conhecimento.
Portanto, para Aristóteles, o conhecimento inicia-se no objeto, com suas características sensíveis, apreendidas pela alma sensitiva. O que, porém, elabora o conhecimento verdadeiro – a ciência – é a alma, que capta a essência dos objetos. Diferentemente de Platão, Aristóteles considera que as essências estão no próprio objeto e não num mundo à parte.
Alguns séculos depois, no final do período medieval, Guilherme Ockham (1290-1349), opõe-se a Aristóteles ao afirmar que o conhecimento humano é intuitivo, imediato, e se dá exclusivamente a partir do contato do sujeito com objetos singulares, individuais. Os objetos, na sua individualidade, são “notados” de forma imediata pelo sujeito. O conhecimento imediato dos objetos é um conhecimento intuitivo-sensitivo, produzido pelo objeto no sujeito. O intelecto, contudo, é capaz de construir um conceito universal, que em si mesmo é um singular, mas que, por função e por definição, representa muitos singulares. Por exemplo, pode construir o conceito de “homem”, que, embora sendo singular (o gênero humano), pode acolher
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
em si cada indivíduo do gênero humano. O conhecimento intelectivo é construído pelo intelecto do sujeito, até mesmo independentemente do contato ou existência dos objetos sensíveis, como o demonstram a imaginação e a fantasia.
George Berkeley (1685-1753), já no período moderno, rejeita qualquer ação efetiva do objeto sobre o sujeito na construção do conhecimento humano. Afirma que existir é ser conhecido. Ou seja, as coisas que existem não podem provocar o conhecimento, pois são passivas e inertes. É o intelecto do sujeito que, em contato com os objetos, produz o conhecimento. Admite, no entanto, que nem tudo o que conhecemos é produto puro do intelecto, pois características dos objetos às vezes se impõem. Este conhecimento, porém, não é gerado pelo objeto. É provocado por Deus, criador de todas as coisas e autor da extensão, da figura e movimento que os objetos carregam.
Immanuel Kant (1724-1804) diz que o conhecimento é composto de forma e matéria. A forma é um elemento a priori, isto é, já existente no sujeito (homem) antes do contato deste com o objeto. Para o conhecimento sensível, os elementos formais, sempre presentes à consciência do homem, são o espaço e o tempo. O conhecimento intelectivo se dá pelas doze categorias, isto é, pelas doze “formas de aparição” da realidade, a saber: unidade, multiplicidade e totalidade (indicativas da quantidade); ser, não-ser e limitação (indicativas da qualidade); substância-inerência, causalidade-dependência e comunhão-reciprocidade (indicativas da relação); possibilidade-impossibilidade, realidade-irrealidade e necessidade-contingência (indicativas da modalidade). A matéria é o elemento a posteriori, isto é, baseado na experiência, e é provido pelos objetos. Desse modo, o conhecimento sensível acontece quando o objeto na sua materialidade é percebido pela nossa consciência como temporal e espacial. O conhecimento intelectivo ocorre quando o objeto é percebido como quantidade, qualidade, relação e modalidade.
George Wilhelm Hegel (1770-1831) afirma que o racional é real e que o real é racional. Ou seja, realidade e pensamento são a mesma coisa. O conhecimento da realidade é construído pelo sujeito, capaz de, pelo pensamento, perceber o eterno devir da realidade-pensamento. O método adequado para a percepção da realidade-pensamento é a dialética, que se desenvolve em três momentos: tese, antítese e síntese. Consideremos que a realidade-pensada “transporte por carroças puxadas por cavalos” era uma tese, um conhecimento válido para o transporte, que excluía, por exemplo, a possibilidade de “transporte por
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
veículo automotor”. Quando se propôs “transporte por veículo não puxado por cavalos”, lançou-se uma antítese, uma contraposição. Dali poderia ter surgido qualquer nova realidade-pensada. Surgiu “transporte por veículo automotor”, uma síntese, que por sua vez será uma tese (uma realidade pensada como válida), até que a ela se oponha outra antítese.
Dessa forma, a tese é o momento da realidade-pensamento em si mesma, isto é, a afirmação da validade de uma parte da realidade-pensamento, e a consequente negação de outras partes. A antítese é o momento em que qualquer parte da realidade-pensamento excluída pelo momento anterior, é também afirmada. A síntese é o momento de união entre as duas possibilidades de realidade-pensamento anteriores. O processo tese-antítese visa a eliminar as imperfeições das duas possibilidades anteriores e conservar, agora juntos, os elementos positivos ali encontrados. A nova posição se colocará então como tese... e o ciclo novamente se fará, aumentando gradativamente o conhecimento do sujeito a respeito da realidade. Esse ciclo é otimista; propõe que novos conhecimentos melhorem sempre a ação humana.
Modernamente, duas teorias chamam atenção para a relação integrada entre sujeito e objeto, na produção do conhecimento: a teoria psicogenética, de Jean Piaget (1896-1980), e a teoria fenomenológica, de Edmund Husserl (1859-1938). Segundo Jean Piaget, o contato inicial com o objeto se dá por meio da percepção do sujeito. A percepção é uma experiência dupla: por um lado, depende das características do estímulo que vêm do objeto e que ativam os sentidos. Por outro lado, das experiências sensoriais, afetivas, racionais, sociais, etc., já vivenciadas pelo sujeito. Tais experiências constroem no sujeito a capacidade para dar significação a objetos que, por si mesmos, são fixos, estáveis e ordenados segundo leis físicas próprias. Um exemplo que pode ajudar a entender isso é o que ocorre com o bebê, acostumado a mamar no peito da mãe, ao receber a primeira mamadeira. Nesse momento ele é estimulado pelo contato físico com o novo objeto (a mamadeira) e age sobre ele para se adaptar, uma vez que não é possível lhe dar uma explicação técnica sobre o ato de mamar. Ao fazer isso, o bebê está reorganizando os conhecimentos já adquiridos sobre o ato de sugar (talvez seja necessário fazer mais força, abrir mais a boca) e incorporando novos dados referentes à experiência.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
O conhecimento constrói-se, então, pela atividade do sujeito sobre o objeto, dando a este propriedades e relações novas. Ainda que estimulada a partir do contato sensível com o objeto, a percepção inclui elementos intelectuais anteriores, pertencentes ao sujeito, pois transita do nível sensorial para o nível das significações, pela atividade intelectual do sujeito cognoscente. O conhecimento é, portanto, uma experiência pessoal, uma vez que, diante do mesmo objeto, sujeitos distintos se apresentariam com experiências distintas, que ensejariam a construção de conhecimentos diferenciados.
Edmund Husserl, por sua vez, afirma que há diferenças entre o objeto e “aquilo que aparece do objeto” para o sujeito. O objeto (real ou ideal) que aparece à consciência de um sujeito é o fenômeno. Fenomenologia é o método pelo qual podemos descrever os fenômenos. Em sua teoria fenomenológica, Husserl explica que o conhecimento resulta de três momentos:
1) o sujeito sai de si e entra na esfera do objeto;
2) o sujeito capta as características apresentadas pelo objeto (o fenômeno), como algo fora do sujeito e, por conseguinte, desprovido ainda de qualquer interpretação que o sujeito lhe possa dar;
3) o sujeito retorna a si, trazendo as características captadas do objeto, reproduzindo-as em si na forma de imagem. O objeto permanece aquilo que era. O sujeito, entretanto, mostra-se agora modificado pela imagem do objeto que nele nasceu. Neste primeiro contato, todavia, o sujeito tem apenas a imagem do objeto, chamada consciência direta ou de primeiro grau. Não tem ainda consciência do próprio conhecimento. É necessária uma segunda atividade, a atividade reflexa ou de segundo grau. Nesta, a imagem do objeto é inserida no conjunto significativo já possuída pelo sujeito e recebe um sentido, um significado. O segundo grau de atividade, a consciência reflexa, prepara o sujeito para agir em relação ao objeto. Conhecer é, portanto, atividade de um sujeito para um objeto. Resume-se no ato pelo qual o sujeito capta um fenômeno, dele faz uma imagem e dá a esta imagem uma significação.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBAGNANO, Dicionário de Filosofia. Trad. Da ed. brasileira coordenada e revista por Alfredo Bossi. Revisão da trad. E tradução dos novos textos – Ivone Castilho Benedetti. São Paulo. Martins Fontes, 2.003.
ARANHA e MARTINS, Maria Lúcia de Arruda e Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. 2. ed. revista. Editora Moderna. São Paulo, 2.001.
CHAUÍ, Marilena. Introdução à História da Filosofia. Dos Pré-socráticos a Aristóteles. Volume I. Edição revista, ampliada e atualizada. São Paulo. Companhia das Letras, 2.002.
CIVITA, Fundação Victor. Nova Escola: Grandes Pensadores, vida e obra de educadores que fizeram história, da Grécia Antiga aos dias de hoje. Edição especial, volume 2. São Paulo. Editora Abril, 2.006.
CORDI e outros. Para Filosofar. 4. ed. Editora Spione. São Paulo, 2.002.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e Grandes Temas. 15. ed. reformulada e ampliada.Editora Saraiva. São Paulo, 2.000.
GAARDER, Jostein. Trad. João Azenha JR. O Mundo de Sofia: Romance da História da Filosofia. 49. ed.Cia das Letras. São Paulo, 2.002.
WONSOVICZ e SANTOS, Sílvio e Alice Ferrúa dos. Espaço Filosófico Criativo 4. 2. ed. Editora Sonhos. Florianópolis, 2000.
MARÍAS, Júlian. História da Filosofia. Trad. Portuguesa da décima terceira edição espanhola – Alexandre Pinheiro Torres. Rio de Janeiro. Edições Sousa & Almeida , LTDA., 1973.
RODRIGUES, Auro de Jesus. Metodologia Científica: completo e essencial para a vida universitária. São Paulo: Avercamp, 2006.
SÁTIRO e WENSCH, Angélica e Ana Miriam. Pensando Melhor: iniciação ao filosofar. Editora Saraiva. São Paulo, 1.997.
SOUZA, Sônia Maria Ribeiro. Um Outro Olhar: Filosofia. FTD: São Paulo, 1995.
TELES, Maria Luiza Silveira. Filosofia Para Jovens: uma iniciação à filosofia. Vozes: Petrópolis, 1996.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
GLOSSÁRIO
DEVIR (ou vir-a-ser) – Uma forma particular de mudança, a mudança absoluta ou substancial que vai do nada ao ser ou do ser ao nada (conceito de Aristóteles eHegae.
MAIÊUTICA – Arte da parteira; em Teeteto de Platão, Sócrates compara seus ensinamentos a essa arte, porquanto consistem em dar à luz conhecimentos que se formam na mente de seus discípulos: “Tenho isso em comum com as parteiras: sou estéril de sabedoria; e aquilo que há anos muitos censuram em mim, que interrogo os outros, mas nunca respondo por mim porque não tenho pensamentos sábios a expor, é censura justa’(Teeteto,15c).