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Este blog tem por objetivo mostrar meu trabalho em sala de aula, trocar experiências com professores e alunos e receber sugestões metodológicas, exemplos de projetos pedagógicos, etc.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

A VIDA



A VIDA 
(João de Deus)

A vida é o dia de hoje.
A vida é aí que mal soa.
A vida é sombra que foge. 
A vida é nuvem que voa. 
A vida é sonho tão leve,
Que desfaz como a neve,
E como o fumo se esvai.
A vida dura um momento, 
Mais leve que o pensamento. 
A vida leva-a o vento,
A vida é flora que cai;
A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente;
Voa mais leve que a ave:
Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou.
A vida - pena caída
Da asa de ave ferida - 
De vale em vale impelida,
A vida o vento a levou. 

VIDA



                         VIDA
                     (Profa. Zezeh)

Vida, nossa vida, nossa força, nosso tudo!
Vida que surge, e num momento fenece!
Vida alegre, que de repente entristece!
Vida que chega e que se esvai num pulo!... 

FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO LETRAMENTO E DA ALFABETIZAÇÃO

“A escrita da criança não
resulta de simples cópia
de um modelo externo,
mas é um processo de
construção pessoal”.
(Emília Ferreiro)

Faculdades  Montenegro
DISCIPLINA: Fundamentos e Métodos do Letramento e da Alfabetização
DATA DO INÍCIO DA DISCIPLINA: 21/05/2017
DATA DO FECHAMENTO DA DISCIPLINA: 21/05/2017
PROFESSORA: Dra. Maria José Brandão Ramos

Objetivo – Compreender a alfabetização, enquanto processo de apropriação de diferentes linguagens, a partir do entendimento da trajetória histórico-cultural desta, subsidiando o movimento teórico-prático no exercício profissional.

Ementa (conteúdos):
1 Letramento;
2 Alfabetização: um processo para a vida;
3 Métodos de alfabetização;
4 Consciência fonológica;
5 Consciência fonêmica;
6 Diferenças entre alfabetização e letramento;
7 O que é ler;
8 Pressupostos, metodologia e hipóteses de trabalho.

 Sequência metodológica:
1 Exposição dialogada;
2 Mesa redonda;
3 Estudo de textos;
4 Seminário de textos.

Recursos:
1 Apostila; 2 livros; 3 textos avulsos; 4 dicionários.

Avaliação:
1 Mesa redonda;
2 Seminário de textos.

Critérios de avaliação:
1 Coerência e aprofundamento do conteúdo;
2 Apresentação oral;
3 Iniciativa e participação;
4 Assiduidade e pontualidade. 

Algumas considerações sobre alfabetização:

→Alfabetização é a aquisição da tecnologia da escrita;
→A alfabetização não precede nem é pré-requisito para o letramento, isto é, para a participação em práticas sociais de escrita, tanto assim que analfabetos podem ter certo nível de letramento: não tendo adquirido a tecnologia da escrita, utilizam-se de quem a tem para fazer uso da leitura e da escrita; 

Questões para discussão: 
→Qual a crítica a fazer sobre os métodos tradicionais de alfabetização?
→Como se dá o processo de aquisição da escrita?
→Como funciona a cartilha na alfabetização?
→O que difere uma pessoa letrada de uma pessoa alfabetizada? 

Métodos construtivistas de alfabetização:

MÉTODO
DESCRIÇÃO DO MÉTODO
Fônico
Como o próprio nome diz, favorece o princípio alfabético,  relação grafema-fonema e seu inverso (a relação fonema-grafema)
Global
De alfabetização em leitura peca porque sobrecarrega a memória dos alfabetizandos quando ainda não está em processo de construção do seu léxico, que depende, como nos ensina o sóciointeracionismo, das relações intersubjetivas ou interpessoais de engajamento pragmático das crianças no uso social da língua.
Conclusão: Antigamente acreditava-se que a criança era iniciada no mundo da leitura somente ao ser alfabetizada, pensamento este ultrapassado pela concepção de letramento, que leva em conta toda a experiência que a criança tem com leitura, antes mesmo de ser capaz de ler os signos escritos. Atualmente não se considera mais como alfabetizado quem apenas consegue ler e escrever seu nome, mas quem sabe escrever um bilhete simples.
 
 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO1

Aprender uma língua não é somente aprender palavras, mas também seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas entendem e interpretam a realidade.
O melhor método de alfabetização é aquele baseado na realidade do aluno.
“...aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade” (Paulo Freire).
Durante muito tempo, pensava-se que ser alfabetizado era conhecer o código linguístico, ou seja, conhecer as letras do alfabeto. Atualmente, sabe-se que, embora seja necessário, o conhecimento das letras não é suficiente para ser competente no uso da língua escrita.
A Língua não é um mero código para comunicação. Letrar significa inserir a criança no mundo letrado, trabalhando com os diferentes usos de escrita na sociedade.
Os alunos apresentam grande apatia frente a folha de papel em branco. Falta emoção, sentimento; eles se negam a escrever porque não valorizam o que pensam ou vivenciam.
Um terço dos brasileiros com ensino superior não são planamente alfabetizados. Segundo a pesquisa indicador de alfabetismo funcional (inaf), divulgada pelo Ibope, apenas 25% da população se enquadra nesta categoria.
Se você consegue ler e interpretar um texto, você faz parte de uma elite no Brasil: o seleto grupo dos plenamente alfabetizados.
Será que a escola não valoriza o pensar da criança?
1 www.cursosppd.com.br Acesso em: 10/05/2017
“A pessoa que não lê,
não fala, mal ouve,
mal vê”.



ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO[1]

A criança antes de chegar a escola, com 6 anos de idade, já deve ter sido colocada em situação de alfabetização e letramento na educação infantil – mesmo nas camadas populares –, porque não se pode pensar que a criança está inaugurando o seu processo de entrada no mundo da escrita, aos 6 anos. Na verdade, até antes de chegar na educação infantil, a criança já está convivendo com leitura, com material escrito – mesmo as crianças das camadas populares -, porque nós vivemos numa sociedade grafocêntrica[2] (cercada de livros, de escrita para todo lado). Então, é uma continuidade e não um início.
A primeira coisa a pensar é que esse ingresso da criança no ensino fundamental (1º ano) não é um momento de inauguração; é um momento de continuidade aos 6 anos. Então, é preciso ver em que nível a criança está de apropriação tanto do sistema de escrita quanto do processo de letramento, para dar continuidade a partir disso e criar situações em que esse processo seja efetivado.
O que é letramento (perguntado para Magda Soares)? “São as práticas de leitura e de escrita”. Uma coisa é você aprender o sistema de escrita; aprender que o grafema corresponde a quais fonemas e vice-versa pra poder ler e escrever, mas isso não resolve o problema da entrada no mundo da escrita, porque é preciso saber fazer uso disso.
Nós tivemos um período em que ensinávamos o b a bá (digamos assim) para depois a criança praticar isso. Depois passamos por um período (na época do construtivismo) que esse b a bá foi dispensado; de certa forma foi marginalizado como um subproduto do letramento, ou seja, do convívio da criança com o mundo escrito, etc. Acho que hoje nós chegamos ao momento da síntese: não é isso ou aquilo, mas são as duas coisas ao mesmo tempo e articuladas, embora cada uma com as suas especificidades quanto à metodologia de trabalho.
Aos 6 anos (a criança) o professor vai fazer isso num foco maior na aprendizagem do sistema de escrita, mas sempre no contexto do letramento, criando situações de leituras de histórias para crianças, dando todo o contexto de letramento: quem escreveu a história, as próprias características do livro; e isso interessa muito à criança que se encontra na fase da fantasia.
O professor lê a história para a criança, depois ele trabalha algumas frases, algumas palavras, buscando a contextualização; vê aquela palavra central e passa a escrevê-la trabalhando-a fonologicamente; divide-a em sílabas, faz o trocadilho das sílabas criando outras palavras, sem sair do contexto. Pega o personagem central da história e transforma-o numa palavra a ser analisada.
Uma das facetas importantes no processo de letramento, sobretudo no mundo atual, é os professores conseguirem contaminar as crianças com o prazer do livro, o gosto pela leitura, a paixão pela leitura coisa que a gente tem perdido muito. Então, tem-se trabalhado muito o livro como um objeto cultural; não é o livro como portador de um texto, mas o livro como objeto cultural: deve-se fazer as crianças cheirarem o livro, pegar o livro, vê que o livro é um objeto que tem suas partes como a gente tem no corpo, e as crianças gostam muito disso. É importante a criança ter uma relação com o livro, que é uma relação com um objeto cultural.


O processo de letramento deve envolver também muito a atividade lúdica.

 
 




MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO[1]

O atraso brasileiro na educação traz uma taxa de 10% de analfabetos adultos ou pelo aprendizado inadequado de crianças nas séries iniciais do ensino fundamental. Diante deste diagnóstico estamos sempre nos perguntando se utilizamos os métodos certos para alfabetizar.
Magda responde:
Para se aprender a ler e a escrever é preciso fazer uma relação dos sons com as letras, dos sons com os grafemas, porque, o que e nossa escrita alfabética? É um registro dos sons, de acordo com um sistema de representação que é bastante complexo.
Então, o que a criança tem que aprender? É relacionar os sons da Língua com desenhos que são as letras. Sem isso ela não aprende. A questão é fundamentalmente como a criança vai aprender isso? Ela vai aprender isso primeiro para depois ela ler e escrever? Por que não asduas coisas ao mesmo tempo? Tem de ser assim; inclusive para que a criança entenda que ela está aprendendo alguma coisa que tem uso.
Então, a criança tem que ser colocada num ambiente alfabetizador em situações reais com livros, jornais, revistas em eu ela encontre a escrita ao mesmo tempo conscientizar acriança de como ela vai aprender isso (ler e escrever) e quais são os usos da escrita no contexto social em que ela vive. Para isto é fundamental a formação do professor. Ele tem que ter conhecimentos linguísticos, fonológicos e cognitivos.
Conselhos da Magda Soares para os professores alfabetizadores iniciantes:
1 Não desanimar;
2 Considerar sempre que as crianças são capazes de aprender;
3 Buscar solução para os problemas.



 
 Como fazer para ajudar as crianças a passarem de uma fase a outra da aprendizagem da escrita, conforme a psicogênese?
Magda responde:
É preciso associar a psicogênese à psicóloga sociocultural do Vigotsky, principalmente no que di respeito à Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)[2].
A criança quando está pré-silábica não se deu conta ainda que quando escrevemos registramos os sons das palavras e não os seus significados.
Como fazer com que a criança entenda que a Língua é som também não é só significado, para que ela saia da fase do realismo nominal? Ela tem que botar atenção no som das palavras – isso é consciência fonológica. A consciência fonológica se desenvolve com rimas, com palavras que começam igual, para que a criança atente para isso, que quando ela fala ela não está  apenas falando de alguma coisa, mas está falando com um som, uma cadeia sonora. Então, percebendo isso, para aprender a língua escrita ela tem também que entender que essa cadeia sonora – que é a palavra – é segmentável, porque quando nós escrevemos nós segmentamos os sons. Então, o mais fácil para a criança, no primeiro momento, é segmentar em sílabas, porque a sílaba tem uma realidade linguística (consciência fonológica) pra que a criança pereba que a palavra pode ser dividida em sílabas (consciência silábica).
Ela se torna silábica porque percebeu que a palavra pode ser dividida em sílabas, ou seja, porque ela desenvolveu a consciência da segmentação da cadeia sonora em sílabas, isso é consciência fonológica.


FASE SILÁBICA SEM VALOR SONORO

A criança já entende a escrita como representação gráfica da fala e costuma usar uma letra para cada som da língua.
Como já entende que a escrita está relacionada à fala, a criança busca, em sua escrita, registrar com uma letra ou outro sinal cada sílaba oral, ou seja, faz registros gráficos toda vez que pronuncia um som da língua.
A leitura silabada nesta fase está associada a esse entendimento, o que representa uma descoberta importante da criança: a de que a palavra é fragmentável, ou seja, constituída por partes sonoras. A criança associa cada sílaba a uma letra, mas ainda não relaciona o registro escrito ao som da fala.
 
 


[1] Baseado numa entrevista com Magda Soares – Canal Futura.
[2] ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal – A distância entre o nível de desenvolvimento real que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.


[1][1] Texto baseado numa entrevista com Magda Soares (parte 1) na Plataforma do Letramento.
[2] Mesmo antes das crianças entrarem na escola elas já estão em contato com a escrita e com a leitura.



CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

A consciência fonológica consiste na capacidade para focalizar os sons da fala, independentemente do sentido. Pode ser desenvolvida por meio de exercícios, produzindo um impacto positivo na aprendizagem da leitura e da escrita das línguas que utilizam a ortografia alfabética como o português (CARDOSO-MARTINS, 1995. Apud CARVALHO, 2005, p. 29). Para reconhecer o grau de consciência fonológica da criança alguns indicadores são: a habilidade de identificar o numero de sílabas das palavras e de reconhecer rimas e aliterações (sílabas que se repetem no início de uma série de palavras).


CONSCIÊNCIA FONÊMICA

A consciência fonêmica é um aspecto particular da consciência fonológica: consiste na habilidade de perceber as unidades mínimas da fala, ou seja,  os fonemas. Cada palavra falada é formada por uma série de fonemas, representados na escrita pelas letras do alfabeto, e a percepção destes é desenvolvida no processo de alfabetização.

DIFERENÇAS ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 

ALFABETIZAÇÃO
LETRAMENTO
Processo de aquisição do sistema convencional de escrita
Processo de desenvolvimento de comportamentos  e habilidades de uso competente da litura e da e escrita em práticas sociais.
Habilita o indivíduo a desenvolver diferentes métodos de aprendizagem da sua língua.
Habilita o indivíduo a utilizar a leitura e a escrita nos diversos contextos informais e para usos utilitários.
É o uso individual da leitura e da escrita.
É o uso social da leitura e da escrita.
 



MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO


SINTÉTICOS
ANALÍTICOS
A alfabetização deve partir das unidades menores da língua – dos fonemas, das sílabas em direção as unidades maiores – palavras, frases, textos (método fônico e método silábico).
A alfabetização deve partir das unidades maiores e portadoras de sentido – o texto, a frase, a palavra em direção as unidades menores – a sílaba, a letra (método da palavração, método da sentenciação,  método global .
 


REFERÊNCIAS

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 2009. 

CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. 

FRANCHI, Eglê. Pedagogia do Alfabetizar Letrando: da oralidade à escrita. 9ª Ed. São Paulo – SP: Cortez, 2012.
  
MICOTTI, Maria Cecília de Oliveira. Leitura e escrita: como aprender com êxito por meio da pedagogia por projetos.