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Este blog tem por objetivo mostrar meu trabalho em sala de aula, trocar experiências com professores e alunos e receber sugestões metodológicas, exemplos de projetos pedagógicos, etc.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

DIDÁTICA FREIRIANA


Para os meus alunos
do curso de pedagogia

DIDÁTICA FREIRIANA

“O conhecimento se constrói no diálogo entre educador e educandos, a partir do contexto concreto que estão inseridos, por isso, é necessário contextualizar o objeto do conhecimento para encharcar de sentido o ato cognoscente” (GADOTTI. Apud DICKMANN & DICKMANN, 2017).
“Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão mediatizados pelo mundo” (Paulo Freire).
Há três bases da Didática Freiriana (núcleo da fundamentação teórico-metodológica): 1) O contexto concreto do educando e do educador – onde está a escola, onde está o trabalho pedagógico, seja o momento social ou o momento da educação formal. 2) O diálogo como método de libertação, que acontece entre educando e educador. 3) A politicidade do ato educativo – “Todo ato pedagógico é um ato político”(Paulo Freire).
O contexto do educando também é o contexto do educador. A partir daí desenvolve-se o ato transformador.
Diálogo e método estão intimamente conectados. O diálogo é o método; não somente o diálogo é método, mas o diálogo é o método pelo qual educador e educando interagem entre si, discutem sobre o objeto do conhecimento, sobre a realidade a ser conhecida, a ser esperadai.
A politicidade de Paulo Freire nos torna, enquanto educadores, sujeitos do ato político-pedagógico. Ser freiriano é ser um educador político que problematiza o contexto concreto, através do diálogo, para transformar a realidade dos educandos.
A didática freiriana se organiza em dez pontos-chave, que são (DICKMANN & DICKMANN, 2017):
1. Pedagogia da acolhida e da pergunta – Todo conhecimento começa com a pergunta. A acolhida é o primeiro momento da humanização. Acolher o outro é um gesto de amor e de alteridade; de tolerância com o diferente e de respeito à diversidade.
Estudo sobre a Didática Freiriana. Profa. Dra. Maria José Brandão Ramos Página 2
2. Pedagogia do tema gerador – O tema gerador é fruto da investigação prévia. É uma das principais originalidades da pedagogia freiriana. Ele é o resultado da reflexão crítica m torno das situações-limites, da codificação do universo escolar e das temáticas significativas que vamos trabalhar. Os temas geradores são também chamados “temas dobradiças”.
3. Pedagogia da contextualização – O objeto do conhecimento (que é o tema gerador) está contextualizado na vida cotidiana; é quando ele se encharca de sentido; e é desse contexto que surgem os temas-problemas. “O educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando, que ao ser educado, também educa” (Paulo Freire).
4. Pedagogia da reflexão (ato reflexivo coletivo) – É um ato reflexivo, intersubjetivo, dialógico. É uma reflexão que gera a possibilidade de transformação. Refletir é um ato de intencionalidade da consciência que quer conhecer o mundo, fazendo do mundo um objeto cognoscível.
5. Pausa pedagógica – É o momento de pensar a prática. É hora de fazer anotações sobre tudo que se produziu até agora, sobre as primeiras impressões do tema, sobre as primeiras reflexões mais maduras sobre o tema. A ideia é não deixar para o fim da caminhada as reflexões e anotações finais para não correr o risco de perder aquilo que foi refletido na metade da caminhada, pois ao longo do processo educativo podem ser esquecidas essas primeiras reflexões. É hora de escrever o que foi pensado e de materializar as ideias.
6. Pedagogia da investigação temática – É hora de fazer o fechamento com as últimas reflexões do tema gerador. Aprofunda-se a investigação do tema gerador. É o desfecho do tema gerador. É aqui que se compreende melhor o mundo para agir e mudar.
7. Pedagogia dialética – Retoma-se o pretexto de origem da discussão em proximidade com o debate do contexto concreto, que se faz texto através do diálogo intersubjetivo. Sintetizar, numa
Estudo sobre a Didática Freiriana. Profa. Dra. Maria José Brandão Ramos Página 3
palavra, o que foi trabalhado até agora; depois uma frase elaborada que contenha uso da palavra inicial. E, para fechar as reflexões, elabora-se um parágrafo sobre tudo o que foi conversado no “círculo de cultura”.
8. Pedagogia da práxis – Dizer a palavra, pronunciar o mundo é um ato transformador. Esse é o momento em que se elabora a leitura de mundo; momento em que se pensa a ação transformadora; é o momento da passagem da palavra mundo para a “palavração”. Na prática pedagógica a ação concreta se busca com as perguntas: 1) O que vamos fazer? 2) Onde podemos atuar para mudar? 3) Com quem podemos fazer juntos? 4) Qual o nosso mundo (inédito-viável) que buscamos? A leitura do mundo nos permite projetar a ação sobre ele; é o caminho dialético da “palavramundo” para a “palvração”.
9. A pedagogia do diálogo problematizador – Momento de sair do círculo de cultura e dialogar com outras pessoas sobre o que foi refletido no círculo (processo de legitimação do conhecimento). Tudo o que foi construído anteriormente na relação educador/educando agora ganha novos sujeitos e outros lugares.
10. Pedagogia da gratidão – Momento do abraço final, da despedida, do até logo. O educador agradecido atrai a amizade dos educandos. A gratidão é o exercício da humildade.
Vamos concluir essas etapas com um pensamento de Paulo Freire: “É preciso diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, até que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”(Paulo Freire). Isso é a práxis para Paulo Freire.
Estudo sobre a Didática Freiriana. Profa. Dra. Maria José Brandão Ramos Página 4
BIBLIOGRAFIA
DICKMANN, Ivo; DICKMANN, Ivanio. Didática Freiriana: educação para a práxis. São Paulo: Dialogar, 2017.
i Paulo Freire era humanista cristã, o que o fez a se apegar à perspectiva do diálogo.

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