Aos meus colegas professores e aos meus alunos, vamos estudar um pouco sobre a ARTE? Leiamos e reflitamos:
O que é arte?
A arte deve ser
bem feita e não lhe compete ser moral ou imoral, verdadeira ou falsa. Isso,
porém, não significa que a arte não alcance a beleza ou a verdade.
É difícil a tarefa de encontrar uma definição geral para a arte. Antes
de recorrer às muitas definições tradicionais e às de nosso tempo, comecemos
por dizer o que não é arte. A arte não pode ser confundida com moral, religião
ciência, tampouco pode ser reduzida a ideologia.
Do mesmo modo, a arte não é o reflexo do real, da verdade, ou mesmo da vida. É
mais do que reflexo. A arte é o real; é uma forma de ser: é a vida.
Ao tratar das definições da arte, é preciso levar em conta que são quase
sempre empobrecedoras. As poucas palavras das definições não expressam todas as
características e riquezas do objeto definido. Tradicionalmente, a definição de
arte oscilou entre afirmar que arte é um fazer, arte é beleza, arte é forma,
arte é comunicação, arte é representação. Ou ainda, nos tempos modernos,
entende-se a arte como uma forma especial de conhecimento ou de expressão.
Arte
não é só beleza
Certamente o
homem não dispensa a beleza. Mas seria correto reduzir a arte à beleza? A
identificação da arte com a beleza, embora aparentemente tão ao agrado de
muitos pensadores que lidam com a arte, não parece consensual entre os
artistas. Beleza, antes de tudo, é aquilo que dá prazer. Não importa que seja
arte ou qualquer outra coisa.
Para Platão, a arte está bastante
distanciada, tanto do bem quanto do belo. A arte não tem com a beleza uma
relação necessária. O homem, acreditava o filósofo, alcança a beleza mais pela
moral e pela ciência do que pela arte. A arte é vista como uma forma inferior
de conhecimento, uma representação imitativa da realidade, distanciada da
invenção ou interpretação.
Durante a
idade média e boa parte do Renascimento, a beleza não aparece necessariamente
relacionada à arte. Isso só veio a ocorrer num certo período da história,
precisamente com os pensadores alemães: Kant e Hegal, no final do século XVIII.
A proximidade
da arte com a natureza – iniciada desde o Renascimento
[i] -
favorece a identificação de arte e beleza.
Segundo Kant, “a natureza só é bela quando possui a aparência da arte”.
Hegel vai além, ao dizer que “a beleza só cabe à arte, jamais à natureza”.
Somente no século XX, com os movimentos de vanguarda, particularmente o
expressionismo
[ii], é que
beleza e arte voltam a ser definidas sem redução de uma à outra.
O belo pode ser um dos atributos da arte, mas não é o único, tampouco o
mais importante. O feio também pode dela fazer parte. Assim, a missão do
artista é criar (o belo, o feio, o trágico...), e não pregar o bem, a beleza ou
a verdade. [...] O bem e o mal, o falso e o verdadeiro dizem respeito ao homem
em geral.
Arte
não é só verdade
Arte e verdade nem sempre andam
juntas.
Há verdades que não carregam beleza alguma: um crime ou um enunciado
científico. No entanto, nota-se entre os artistas uma tendência a identificar
arte com verdade.
O pensamento artístico contemporâneo refere-se à arte, à beleza e à
verdade como instâncias independentes, irredutíveis umas às outras, embora
possam, certamente, cruzar-se. A arte de hoje recusa qualquer preceito de
beleza. Arte é aquilo que o artista acrescenta
a qualquer regra estabelecida.
Arte
não é só expressão
O amplo conceito de arte também abrange a expressão. Mas, nem toda
expressão é artística. O importante que não é qualquer expressão que se torna
artística. A expressão só é artística quando é criativa; quando é simbólica. A
expressão pode ser de emoções, de sensações ou de ideias. No entanto, qualquer
que seja, requer aparecer como forma artística; reclama ser posta em linguagem
de arte. Arte é o lugar da emoção representada ou apresentada.
Arte não é só forma
Outra definição toma arte como forma. Nela, a arte é entendida como
instituidora de limites, doadora de forma, ordenadora do caos. Nessa tendência, a definição mais forte é a
de explicar arte como formatividade (um fazer que inventa o modo de fazer
enquanto faz, atividade na qual execução e invenção caminham juntas.
A maioria dos artistas concorda que um quadro nunca é pensado e previsto
de antemão. Enquanto o artista o produz, o esforço criativo acompanha a
mobilidade do pensamento. No processo ele se modifica. Conforme Picasso: “Depois
de terminado, ele (o quadro) continua a mudar, conforme o estado daquele que o
contempla”.
“Arte
é tudo aquilo a que os homens
chamam arte”
Sem dúvida, todas essas definições de arte envolvendo beleza, verdade,
forma, expressão, são sempre históricas, uma vez que estão ligadas a um
universo de valores culturais. Cada cultura acaba criando a sua concepção de
arte. Parece-nos impossível uma definição geral e única que dê conta da própria
universalidade da arte e de toda a experiência artística em todos os tempos.
Toda definição exige uma situação no tempo e no espaço. E definir é indicar
limites. Aquilo a que hoje chamamos arte é algo muito recente. A palavra arte
vem do vocábulo latino ars, artis.
Mas, na língua latina, arte significa apenas o ato de fazer bem objetos
utilitários, destinados a fins práticos. Arte, tal como a entendemos hoje – uma
experiência que reclama a contemplação e que pode está presente em objetos
desprovidos de utilidade prática - . Qualquer definição de arte estará
vinculada à personalidade do artista, à história e ao desenvolvimento de uma
sociedade ou cultura. As definições de arte são pontos móveis – oriundos de um
tempo e de uma sociedade – e mudam de cultura a cultura. A arte, como o homem,
é temporal.
Boa reflexão!!!
[i]
Renascimento – movimento literário, científico e artístico, que despertou a
Itália no século XV.
[ii] O
expressionismo é uma arte carregada de subjetivismo e de temas dramáticos: a
guerra, a miséria, a angústia, a revolta contra o mundo burguês. Os artistas fazem
uso de cores fortes e agressivas, para representar seus ódios, seus sonhos,
suas esperanças e seus desesperos.